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20 de novembro: Dia da Consciência Negra

Fátima Aparecida Silva – Educadora CFP/UFRB | Diretora APUR

No mês de novembro, mês em que se comemora o “Dia da Consciência Negra”, movimentos sociais, principalmente os movimentos negros, promovem uma série de reflexões envolvendo a historiografia e sociologia da população negra no Brasil, entre as reflexões está o dia 20 de novembro.

Ao abordamos a historiografia do dia 20 de novembro, buscamos na memória histórica dos afrodescendentes no Brasil aspectos que apontam esta população como sujeito histórico modificador do seu contexto social, e neste contexto a data 20 de novembro que simboliza a resistência do povo negro no Brasil desde o período colonial até os dias atuais.

É importante destacar que quando os movimentos negros apontam para reflexões da consciência negra no Brasil, têm como objetivo corrigir os registros históricos e ideológicos que ainda impregnam o imaginário de muitas pessoas na nossa sociedade, uma delas é a crença que no Brasil o africano e seus descendentes sofreram e sofrem de maneira passiva os maus-tratos praticados pelo sistema racista que sustentou e sustenta as estruturas institucionais do Brasil desde o período colonial até os dias de hoje.

Neste contexto, ressignificar a historiografia oficial, que ora silencia, ora criminaliza e inferioriza a população negra no Brasil, é o grande legado da institucionalização do mês da consciência negra. Neste sentido, a data 20 de novembro assume aspectos políticos e ideológicos, trazendo para o cenário não somente a história de resistência de Zumbi dos Palmares, mas também as histórias de resistências de homens e mulheres negras.

Considero que nos espaços que atuamos devemos ter atenção e cuidado quando tratamos das questões que perpassam a historiografia do povo negro, percebo que algumas vezes ações e discussões sobre o assunto se dão nos aspectos folclóricos e conservador.

Quando tratamos das questões que diferenciam a população negra na perspectiva folclórica e conservadora, assumimos como eixo central nas nossas análises e ações somente aspectos da diferenciação cultural, deixando de fora os dispositivos e padrões de poder institucional estrutural que mantêm as desigualdades do povo negro no Brasil, assim as reflexões e ações realizadas somente nos aspectos folclóricos e conservador reconhecem que existem diferenças nas relações étnicas raciais, e até propõem ações para enfrentá-las, mas convive sem questionar, e sem propor mudanças com as práticas de homogeneização cultural e hierarquizações raciais que sustentam e organizam o Estado Brasileiro.

A exclusão da população negra como sujeito de sua história ignora ações que foram fundamentais para a sobrevivência dos africanos e seus descendentes no Brasil. Entre essas ações encontramos as formas de resistências da população negra à escravidão, através das lutas individuais ou coletivas, ou outras formas de libertação, como a compra de alforrias por organizações negras no período escravista no Brasil.

É no contexto de disputa ideológica da história dos afrodescendentes entre os movimentos negros e o poder dominante que o dia 20 de novembro, dia da “Consciência Negra”, pode se explicado. Evidenciar o sentido histórico desta data é um dos aspectos da resistência negra no Brasil.

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