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COMPLEXO ESPORTIVO DO CFP: COMUNIDADE ESPERA HÁ QUASE OITO ANOS

Imaginem o sentimento de toda comunidade acadêmica, especialmente do curso de educação física do Centro de Formação de Professores- Amargosa, que já vem esperando pela obra do Complexo Esportivo por quase oitos. A entrega já foi prometida inúmeras vezes, inclusive com a cobrança insistente da APUR. A ausência de um espaço para as praticas pedagógicas vem comprometendo a qualidade do trabalho dos professores e da formação dos discentes.

 A coordenadora do Colegiado de Curso, Cristina Paraíso, descreve bem o sentimento: “Nós estávamos muito esperançosos, animados, contentes mesmo com essa possibilidade da entrega do espaço, ainda que de forma parcial. No entanto nós fomos surpreendidos com uma condição completamente inviável, principalmente no que se refere ao serviço das quadras. Então ficamos extremamente preocupados com a situação que nós encontramos, fizemos um relatório indicando todos os problemas que nós encontramos, que inviabilizam qualquer tipo de atividade naquele espaço.” Os problemas vão desde marcações erradas em quadra, desnível na construção, comprometimento de grama do campo e muito mais.

No último dia 29, os/as docentes do curso de Licenciatura em Educação Física/CFP/UFRB paralisaram suas atividades. A obra que se arrasta desde 2011 estava com previsão de ter a entrega parcial no dia 24 de outubro, só que, mais uma vez, tal entrega foi adiada. A Coordenadora também nos explicou que a previsão era de entrega do primeiro pavimento, pois o segundo ainda vai ser finalizado. Ainda segundo Paraíso, alguns prazos acordados não foram cumpridos até o momento: “só considerando esse último período, tínhamos outubro do ano passado, foi transferido para abril deste ano, que era início do semestre retrasado, e tivemos agora essa outra indicativa de outubro de 2018, e essa data do dia 24 estávamos realmente considerando uma previsão mais concreta de que teríamos o espaço para utilização”, explicou Cristina.

 A professora Márcia Cozzani avalia como sendo um sentimento de frustração: “a luta por aquele espaço é longa, e quando esperávamos que enfim teríamos a entrega parcial da obra nos deparamos com várias irregularidades. O curso de Licenciatura em Educação Física enfrenta esse problema da falta de infraestrutura para qualificar as atividades de ensino e a formação dos alunos há bastante tempo, por isso o sentimento de indignação é ainda maior nesse momento”, lamentou a professora.

Não é apenas o quadro docente que se vê decepcionado diante da situação, os alunos também já não aguentam mais a espera. A aluna Anne Borges afirmou ser desesperador ter que lutar por algo que é um direito que já deveria estar em funcionamento desde quando o curso se estabeleceu. “Eu, como discente, estou no período do 7° semestre, já vi algumas paralisações e sei o quanto foram significativas para que as coisas aconteçam”, completou Anne.

Como tem sido trabalhar sem o complexo

Muito discutimos sobre as condições do trabalho docente, mas parece que ainda não entendemos que oferecer os meios adequados também diz respeito às condições de trabalho. Os/as docentes do curso de Licenciatura em Educação Física estão há quase oitos anos se ‘virando’ para desempenhar suas funções sem um complexo esportivo fundamental.

A professora Márcia Cozzani explicou que a solução tem sido buscar parcerias com as escolas do município de Amargosa para, minimamente, ofertar atividades práticas, essenciais no processo pedagógico. “Mas reconhecemos cada vez mais que mesmo estes esforços dos docentes do curso não tem sido suficientes neste processo. A cada semestre temos mais dificuldades nestes espaços por falta de segurança, problemas de logística de transporte de materiais didáticos para as aulas nestes espaços que não são próprios da Universidade, e também problemas com o transporte dos próprios discentes. Isso tudo chegou ao limite, não podemos expor nossos alunos a estes riscos e a nós mesmos a estas condições de trabalho”, confessou Márcia. 

Comprometimento na formação discente

Não podemos deixar de refletir sobre de que forma a falta que o complexo esportivo pode influenciar na formação de futuros/as professores/as de educação física. Para o estudante Jefferson Melo, a questão vai além de um complexo esportivo, diz respeito a uma formação qualificada e ampliada que depende não somente da sala de aula, dos professores. “E aqui que existe a importância do complexo, visto as especificidades de algumas disciplinas nossas, que são de caráter prático e necessitam explanar a vivência dos discentes em toda sua totalidade. O complexo, além de ser uma luta política, de direito dxs estudantxs e professorxs do curso e de toda a comunidade acadêmica do CFP, é o alicerce que nos falta para nos qualificarmos ainda mais”, completou o estudante.

A aluna Anne Borges fez questão de recordar os colegas que se formaram sem ter a experiência do complexo esportivo.  “Como faz falta um espaço adequado para tais práticas corporais. Muitas adaptações, muitas dificuldades, as vezes as aulas canceladas porque os espaços ofertados não estavam disponíveis, isso afeta diretamente pois entendo que a práxis é necessária na nossa área, vivenciar, experimentar e ter as devidas intervenções para que o nosso aprendizado seja ainda mais avançado”, lamentou a aluna.

O professor Leopoldo Hirama destacou que o Complexo Esportivo é fundamental para a formação dos discentes nas três dimensões: ensino, extensão e pesquisa. O complexo seria o espaço que ajudaria no desenvolvimento do ensino, além disso, perde-se tempo ao terem que se deslocar para espaços que não correspondem. Mas foi ao falar da extensão que o professor chamou a atenção para algo muito importante, a relação da universidade com a comunidade externa. O professor informou que o curso de Educação Física é o que mais oferece projetos de extensão, chegando a um número aproximado de 2 mil projetos, um número que poderia ser ainda maior com o Complexo Esportivo: “O complexo esportivo é fundamental para o curso, mas para além disso, para o funcionamento do CFP, pois pode potencializar a aproximação da comunidade com a universidade”, defendeu Leopoldo.

A professora Márcia Cozzani também acredita que o Complexo Esportivo do CFP esteja diretamente relacionado ao tripé fundamental da Universidade, à qualificação das atividades de ensino do curso de Educação Física. “O Complexo Esportivo tem/terá impacto direto também nas ações extensionistas do curso que buscam aproximar a comunidade de Amargosa à Universidade e trazem inúmeros benefícios à população. Não me parece que, nesta região da Bahia, nós tenhamos um espaço como o Complexo Esportivo, e com o potencial de ações que podem ser realizadas em um espaço como este. Isto não é específico a apenas um curso, é uma grande conquista do CFP e de Amargosa, por isso a necessidade de mobilização constante até que se conclua a obra e que seja entregue com as condições necessárias e qualificadas para a utilização de toda comunidade”, finalizou a professora.

Reunidos no dia 9 de novembro, os/as docentes do curso decidiram pelo retorno das aulas a partir do dia 12 de novembro, contudo permanecendo suspensas todas as atividades que necessitam do Complexo Educacional Esportivo, bem como decidiram cancelar a oferta de todos os componentes que necessitam do complexo no semestre 2019.1.

A professora Cristina Paraíso torce para que a instituição leve as questões do Complexo Esportivo em consideração e tome as providências necessárias. “A obra precisa ser entregue, mas ela precisa ser entregue em condições adequadas, ela precisa ser entregue em condições de uso. Então, embora nós tenhamos pressa, nós precisamos de uma estrutura de qualidade, que atenda às necessidades do curso a longo prazo”, defendeu a coordenadora.

Cristina Paraíso ainda nos informou que não há um novo prazo para entrega, considerando que serão realizadas vistorias, que vão depender do atendimento aos reparos e correções que forem solicitadas.

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