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REUNIÃO SINDICAL DO CFP DEBATE SOBRE A CONJUTURA ATUAL DE PANDEMIA DO CORONAVÍRUS

Dando início à rodada de reuniões sindicais, os/as docentes do Centro de Formação de Professores (CFP) participaram de uma reunião virtual nesta quarta-feira (22). A ideia foi ouvir o que a base da APUR no CFP tem a dizer, uma análise dos/as professores/as do contexto atípico em que estão vivendo. A reunião foi organizada pelos representantes sindicais Maicelma Maia e José Arlen Matos.

A professora Maicelma Maia colocou que o contexto de isolamento social tem influenciado nas relações e interfere nas atividades acadêmicas, exigindo um exercício maior de pensar a docência. Para a professora, o momento atual tem mostrado que o trabalho docente necessita muito mais do equilíbrio emocional do que de questões burocráticas.

Aliás, a preocupação com a saúde mental dos/as docentes foi um dos pontos levantados no decorrer da reunião. Há uma preocupação para se pensar a saúde não apenas no que diz respeito ao coronavírus, mas também sobre a pressão que a categoria docente certamente vai sofrer a partir de agora, com cobranças de volta às aulas, retiradas de direitos como, por exemplo, corte nos auxílios de insalubridade e periculosidade.

Na visão do professor José Arlen, o foco agora deveria ser a manutenção da vida. Só que para isso, além do isolamento social e de melhorias e ampliação dos leitos do SUS, é imprescindível que o Governo Federal implemente um forte pacote econômico para dar garantias materiais aos trabalhadores. Segundo ele, o que foi feito até agora está aquém do necessário. “O auxílio ao trabalhador é insuficiente. Por outro lado, o Governo Bolsonaro insiste em sabotar as medidas de isolamento social, já anunciou que não pretende ampliar o auxílio aos trabalhadores e reiterou a intenção de aprovar o projeto da carteira verde e amarelo, que precariza ainda mais essa situação. Diante deste contexto, muitos trabalhadores tendem a submeterem a condições de risco de contaminação, já que precisam trabalhar para sobreviver”, completou José Arlen.   

Muitas falas evidenciaram que o país já vinha enfrentando uma crise econômica, mas que ela tem se agravado com a crise na saúde, com o coronavírus; e o serviço público acaba sendo impactado diretamente, pois já vínhamos em frequente movimento de redução e precarização dos serviços públicos, o que se intensifica agora com a pandemia. Vale ressaltar que nem mesmo a pandemia modificou a política adotada pelo governo, pelo contrário, a pressão sobre os servidores públicos aumenta, e não há previsão de abertura de nenhum recurso extra para melhoria dos serviços públicos.

Os/as docentes apontaram a percepção de que a situação é grave e tende a piorar, já que o Brasil ainda vive o início da pandemia. Uma das falas colocou que a crise de autoridade acaba atrapalhando as ações de combate ao coronavírus (não há unidade de ações entre os governos municipal, estadual e federal).

A reunião ainda relembrou a falta de apoio do governo federal à ciência, deixando claro que num momento de pandemia como estamos vivendo, a sociedade brasileira paga o preço pela relativização e criminalização da ciência, fazendo com que as pessoas não acreditem no que os médicos falam, menosprezando a importância do combate à pandemia.

A questão das aulas remotas também foi colocada, e ficou evidente que não se trata de desvalorizar essa forma de ensinar, mas avaliar cuidadosamente as condições reais e as possibilidade de se realizar com qualidade a partir da realidade de docentes e discentes. A universidade, em sua realidade de multicampia, tem como oferecer uma boa estrutura? Os alunos têm como acompanhar as aulas virtuais? Não podemos esquecer que muitos alunos estão preocupados com a subsistência. Também tem que se pensar na questão didática, o docente não foi preparado para aulas virtuais. Fora que há alguns tipos de aula que não podem ser substituídas por aulas digitais, necessitam da prática.

Diante do visível acirramento de classe com os ataques aos direitos dos servidores públicos, a reunião fez alguns encaminhamentos: segundo os professores e professoras do CFP a posição política da APUR deve se concentrar na defesa da vida e dos direitos dos servidores públicos; construção e publicização de ações de combate ao coronavírus; ampla divulgação da resposta da reitoria sobre a suspensão dos auxílios; fazer um levantamento sobre as condições de trabalho e o adoecimento docente na UFRB nesse contexto de pandemia.

Por fim, ficou acertada uma nova reunião para o dia 6 de maio, às 15 horas. As datas das reuniões dos demais centros de ensino serão divulgadas em breve.

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