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Estudantes da UFRB e professor a UFCG protestam contra más condições de ensino

unnamedEstudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) realizaram mobilização no campus de Santo Antônio de Jesus, em que está sediado o Centro de Ciências da Saúde (CCS), para cobrar melhores condições de ensino. Eles apresentaram cartazes com exposição dos problemas, participaram de um “banhaço”, no qual tomaram banho de mangueira em protesto contra a falta de climatização das salas e contra a infraestrutura do prédio que ajuda a elevar a temperatura em seu interior, impossibilitando transcorrência normal das aulas.

“O destaque não é o calor e os estudantes assistindo às aulas de roupa de banho, como ressaltou as TVs e os veículos de imprensa que cobriram a manifestação, e sim o que está por trás dessa imagem: o conjunto de problemas que eles denunciaram durante o protesto. Ou seja, o modelo de financiamento das Instituições Federais de Ensino (IFE) implantado pelo Ministério da Educação (MEC) que quer expansão com precarização”, afirma Herbert Martins, vice-presidente Seção Sindical dos Professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Apur-SSind. do ANDES-SN).

Ele cita como alguns dos mais graves, a falta de livros na biblioteca e de estágio para os estudantes da área de saúde do campus de Santo Antônio de Jesus. “Precisamos urgentemente de um hospital-escola”, declara o dirigente da Apur. Informações do movimento estudantil dão conta de que, na semana passada, professores deram aula na parte externa do pavilhão em razão do calor. Estudantes fotografaram o abandono das obras inacabadas que, na avaliação deles, têm prejudicado o andamento das atividades acadêmicas, “tornando-se símbolo de descaso e de desperdício do dinheiro público”, ratificou Maria Cláudia Barreto.

O movimento estudantil denunciou, sobretudo, que a chegada do curso de medicina tem ofuscado problemas que prejudicam a comunidade acadêmica e a comunidade do bairro do Cajueiro. “O CCS enfrenta problemas de insuficiência de professores, obras inacabadas – como os prédios de laboratórios, do Serviço de Atendimento Psicológico, do Restaurante Universitário, da Biblioteca Setorial, do auditório e da urbanização do centro – e ainda a deficiência na acessibilidade à Residência Universitária, além da ausência de oferta de transporte e de motoristas para que os estudantes circulem entre os campi da UFRB para atividades acadêmicas”, informa.

Os estudantes dizem ter constatado “que, para o poder público municipal, a UFRB ainda não chegou, basta olhar o entorno do bairro Cajueiro, no qual não há calçadas e passeios públicos; não há iluminação pública; o transporte público é ineficiente; as Unidades de Saúde da Família não têm profissionais, nas quais muitos não querem cadastrar os estudantes, chamando-os de demanda flutuante; não há opção de lazer e cultura, nem espaços para atividades físicas; não há arborização, o que agrava ainda mais o calor em determinadas épocas do ano”, afirmam os estudantes.

Quanto ao Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus, agora chamado de hospital-escola, até pouco tempo atrás expulsava de suas dependências estudantes e professores do CCS; limitando o número de vagas para campo de estágio e aulas práticas, sendo estes, preteridos em alguns setores do hospital por faculdades particulares da região, dificultando até mesmo a realização de pesquisa e extensão. Os estudantes afirmam que a direção do CCS e a reitoria da UFRB sabem do boicote.

Professor suspende aula por falta de condições de trabalho
Na Paraíba, o professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Ivanildo Fernandes suspendeu as aulas por falta de condições de trabalho. Os estudantes das disciplinas Ergonomia 1 e 2 estão sem aula porque o docente não suportou as precárias condições de trabalho e decidiu parar. Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia de Produção, Fernandes diz que a sala 6 do Bloco Reenge, no Campus de Campina Grande, tem ares-condicionados quebrados, paredes mofadas, janelas e vidros quebrados, falta de cadeiras para os estudantes e computador e equipamento de Datashow quebrados.

Ele disse ter comunicado sua decisão por escrito, no início do semestre, às coordenações administrativas de sua Unidade Acadêmica e das Unidades de Engenharia de Petróleo e de Engenharia de Materiais, afetadas pela suspenção das atividades. No documento o professor relaciona como impedimento para o prosseguimento das aulas as más condições físicas e ambientais a que está submetido juntamente com os estudantes; o fato de os equipamentos necessários para as aulas estarem quebrados e a inexistência de cadeiras suficientes para todos os estudantes matriculados.

O professor ressalta que “há mais de nove meses os dois ares-condicionados da sala estão quebrados e que apesar de inúmeras solicitações de consertos os problemas não foram resolvidos”. Ele explica que em todos os horários de aula está comparecendo à sala com a caderneta de frequência dos estudantes e registrando a aula, para comprovar que quer trabalhar, mas não tem condições de cumprir a tarefa. Para ele, “a precarização do trabalho docente na universidade é resultado do descaso com os aspectos didático, metodológico e pedagógico da universidade. Ela hoje está preocupada simplesmente com números de estudantes em sala de aula”, avalia o professor.

Antes de suspender as aulas, Fernandes era obrigado a ministrar aulas somente teóricas por falta de equipamentos e de laboratórios suficientes para todos os estudantes. Diz que solicitou a compra dos equipamentos necessários à universidade, mas nunca foi atendido. Ele diz que outras salas do local também estão em más condições: sem conforto térmico, refrigeração, iluminação adequada e limpeza.

O coordenador administrativo da Unidade Acadêmica de Engenharia de Produção, Agostinho Nunes Costa, disse que recebeu a comunicação de Ivanildo e a encaminhou a outros setores da universidade, como, por exemplo, para a direção do Centro de Ciências e Tecnologia (CCT) e à Pró-Reitoria de Ensino. “Só recebemos um e-mail da direção do Centro informando dispor de Datashow e ares-condicionados para a sala 06 do Reeenge, mas até agora a reposição dos equipamentos não aconteceu”.

“Infelizmente, a atitude do professor Ivanildo não é um caso isolado. Quase todos os dias recebemos queixas dos mais variados tipos que vão desde a falta de carteiras nas salas de aula, de livros na biblioteca, de laboratórios, de professores até equipamentos quebrados, goteiras, infiltrações e todo tipo de situação que apontam para a precarização do trabalho e do ensino. A UFCG expandiu sob o corolário da precarização”, afirma o diretor-secretário da Associação dos Docentes da UFCG-SSind. do ANDES-SN, Luciano Mendonça.

O dirigente da ADUFCG informa que o caso de Fernandes é o terceiro registrado pela Associação de Docentes da UFCG (Adufcg-S.Sind. do ANDES-SN) em poucos dias. Antes dele, outro professor também suspendeu aulas pelo mesmo motivo e, em novembro, todos os docentes da Unidade Acadêmica de Matemática paralisaram as aulas por três dias em protesto contra as condições de precarização do trabalho. A equipe da Matemática avisou ao Pró-Reitor de Ensino que se a universidade não resolver os problemas até o início de 2014 vão entrar em greve no início do ano letivo.

Recentemente, docentes da Unidade Acadêmica de Física, situada na sede da universidade, em Campina Grande, filmaram e postaram nas redes sociais a situação de estudantes levando carteiras de uma sala para outra para assistirem aulas. “Por causa disso, os professores da Física têm sofrido todo tipo de perseguição, de desqualificação e de assédio moral por parte da Pró-Reitoria de Ensino, a ponto de a própria unidade acadêmica ter aberto uma sindicância para investigar a atitude do pró-reitor”, afirma o diretor-secretário da Adufcg-SSind.

*Com informações do G1, da APUR e ADUFCG

Crédito da foto 1: Anacley Souza Site Voz da Bahia
Crédito da foto 2: ADUFCG

Fonte: ANDES-SN

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