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NA DEFESA DE UM SINDICATO CONSTRUÍDO PELA BASE

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Entrevista com o candidato a presidente da APUR, professor Antonio Eduardo de Oliveira. 

Na próxima terça-feira (11), os professores da UFRB vão escolher a nova diretoria da APUR para os próximos dois anos. A disputa tem apenas uma chapa inscrita, a “A APUR pela base”, composta pelos professores Antonio Eduardo Alves de Oliveira (presidente), Karina de Oliveira Santos Cordeiro (vice-presidente), Givanildo Bezerra de Oliveira (secretário), Gleide Sacramento da Silva (suplente do secretário), Alessandra Nasser Caiafa (tesoureira), Sérgio Anunciação Rocha (suplente da tesouraria), Ana Cristina Nascimento Givigi (diretora executiva) e Maurício Ferreira da Silva (suplente da diretora executiva). Para que os/as docentes fiquem por dentro das propostas da chapa, entrevistamos o candidato a presidente da APUR, professor Antonio Eduardo.

 Em sua visão, qual a importância da atuação sindical 

Primeiro, que a atuação no sindicato é a defesa de uma universidade melhor, é uma dimensão da política fundamental para a defesa da própria condição de educador. Você não pode ser professor e se omitir de lutar em defesa da universidade pública, se omitir da defesa de valores como a educação pública de qualidade, de uma participação democrática da universidade. Então, ser educador significa ter bastante presente essa dimensão política. 

Quais os principais pontos do programa da Chapa “APUR pela base”? 

O principal objetivo da chapa é a defesa de um sindicato feio pela base. É um sindicato que não se propõe ser um aparelho diferente dos professores, nem defender algo diferente do que os professores querem em seu cotidiano. Então, o principal objetivo da chapa é ser um sindicato voltado para os interesses dos docentes enquanto categoria trabalhadora. Em termos de programa, é a defesa da universidade pública, de uma expansão com qualidade, a defesa das 8 horas mínimas em sala de aula, a defesa de um plano de carreira que realmente garanta uma carreira eficiente para os professores, ou seja, é um programa voltado para as necessidades fundamentais da categoria. Mas também vamos chamar a atenção para o respeito a defesa dos direitos humanos, pois não podemos admitir uma instituição pública que desrespeite aqueles que dela faz parte. 

Sabemos que o diálogo com a administração central é importante e inevitável. Que estratégia será usada para dialogar com a reitoria da UFRB? 

A nossa relação com a administração central é a defesa de nosso plano de lutas. A gente tem uma luta e uma negociação com a reitoria em torno disso, e vamos continuar colocando como eixo a defesa das reivindicações da categoria. Em relação ao pleito para reitor, a direção da APUR vai defender que haja um processo democrático, onde possa se pautar, sobretudo, a questão da democracia e participação, porque, em nosso entendimento, infelizmente, não existe uma participação efetiva da comunidade nos destinos da universidade, e nós queremos aproveitar esse momento para discutir, fazer um balanço dos 10 anos da UFRB e qual a perspectiva futura. Esse debate sobre o processo de sucessão da reitoria está ligado também a uma discussão ainda mais importante que é a defesa de uma estatuinte efetivamente transparente e democrática. 

Como a futura diretoria vai fazer para dá continuidade à união entre as categorias da universidade (docentes, discentes e servidores técnicos)? 

A nossa chapa já conversou com a ASSUFBA e com o CCE. Mesmo antes de tomarmos posse, eles já têm mostrado interesse de manter esse trabalho conjunto, e a ideia é aprofundar. Nós tivemos momentos importantes, atos conjuntos, e vamos aproveitar agora esses 10 anos da universidade e o processo estatuinte para fazermos uma discussão sobre a importância de um poder compartilhado entre os três segmentos. Ao mesmo tempo, temos várias outras bandeiras de luta que são conjuntas como, por exemplo, a defesa de uma universidade pública, mais verbas para a universidade, tudo isso é algo que não diz respeito só aos docentes, diz respeito aos servidores técnicos e aos estudantes. A ideia é aprofundar, criar o fórum tripartite na universidade onde os três segmentos possam participar e lutar pelo co-governo na UFRB, superando os entraves autoritários e burocráticos da instituição. 

Quais providências serão tomadas para conseguir com que a pauta docente apresentada ainda em 2012 seja atendida? 

O atendimento da pauta ficou a desejar. A nossa pauta é extensa porque não havia um diálogo anterior à greve 2012 , em parte devido a concepção da administração da UFRB e por outro lado, devido a deficiência na organização efetiva dos docentes. A partir do momento em que os docentes se organizaram, foi criado o comando de greve, ações da greve e uma discussão com a reitoria, aí se aflorou toda a pauta. Só que a gente pensou que agora temos que centralizar, não adianta ter uma pauta muito extensa, porque possibilitada a pulverização e facilita a enrolação por parte do MEC e da reitoria. Então, nós tiramos de priorizar, por exemplo, a carga horária de trabalho, a progressão docente, a contratação de servidores, a democracia e transparência, quer dizer, nós elegemos alguns pontos e vamos trabalhar com esses eixos fundamentais. É importante salientar a importância de lutar em torno de questões da permanência docente na UFRB, por isso ainda discutir e propor melhores condições de habitação nos municípios que sediam os Centros da UFRB. 

Como a próxima gestão pretende lidar com as dificuldades da multicampia? (Algo que também impede maior participação docente nas atividades do sindicato).

Essa é uma questão fundamental. Primeiro, as condições de precarização de trabalho, nem todos os campi da universidade têm as mesmas condições de trabalho. Cada centro acaba tendo necessidades particulares, só que as negociações ficam com a única reitoria. Então, nós temos que fazer, ao mesmo tempo, uma luta local, mas colocando como centro a negociação com a administração central. Do ponto de vista organizativo, nós vamos ter que pensar assembleias rotativas, trabalhar muito com a tecnologia, um objetivo da gestão é discutir a possibilidade de uma intercomunicação entre os centros, também discutir os espaços da APUR em cada centro. A gente precisaria que em cada centro, que agora são sete, ter um espaço da APUR, um mural, uma sala de reunião; e o boletim precisa expressar de uma melhor forma essa multicampia. A nossa ideia é que cada boletim tenha um espaço para cada centro, organizando ainda a edição de revista docente semestral para debate sobre a universidade brasileira e /ou temáticas.

Além disso, é fundamental reforçar o conselho de representantes, elegendo inclusive os representantes sindicais dos novos centros (CETENS e CECULT) e consolidando como instância representativa do sindicato. 

Quais pautas  da futura gestão? 

Sobretudo as condições de trabalho, a discussão sobre as 8 horas mínimas em sala de aula, o atendimento aos nossos interesses de plano de carreira, pois, infelizmente, o que foi negociado com o governo ainda não atende às nossas necessidades; a discussão da contratação de mais servidores; a continuidade das obras nos centros (as obras foram paradas ou não existem); o trabalho cotidiano, com o atendimento jurídico, um setor de imprensa fortalecido, melhorar essa nossa comunicação com a base e também o trabalho de formação política, pois precisamos discutir o que é a universidade e o que a gente pretende com ela. Além disso, defendemos uma ligação com as outras categorias, bem como fora da universidade. É implementar o fórum sindical, participar junto aos movimentos sociais, quer dizer, transformar o sindicato em uma força importante não só na universidade, mas no Recôncavo, como uma força política alternativa, apresentado também politicas em defesa da população negra e  para mulheres e pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros no Recôncavo, especialmente no combate aos altos índices de violência. 

Qual o balanço que o senhor faz da gestão atual? 

Um balanço extremamente positivo. Fizemos importantes atividades de formação política, realizamos grandes assembleias. Entretanto, nós consideramos que há muita coisa a ser feita. Esse trabalho, sobretudo esse trabalho de enraizamento do sindicato na base através das atividades locais. Então, o sindicato não só tem que ser forte enquanto estrutura de universidade, mas ele também tem que está presente no cotidiano do professor, e esse desafio é um desafio que nós estamos encampando.

Para senhor, quais serão os principais desafios de sua gestão? 

O primeiro grande desafio é garantir a participação. Então, nosso desafio, como diz o companheiro Givanildo, é colocar novas pessoas no sindicato, que as pessoas participem. A ideia central é levar a APUR para os centros de ensino.  APUR já se fortaleceu tendo esse espaço central, mas agora o desafio é ter a associação nos locais de trabalho, nós temos que ter um espaço do professor em cada local, então, o grande desafio é ter um sindicato pela base. Um desafio nacional, pois somos uma seção do ANDES, ou seja, como sindicato nacional, nós temos que participar das atividades a nível global, mas também está presente em cada local de trabalho. Criando espaços culturais para convivência dos docentes e da comunidade universitária nos centros de ensino.

 Outro desafio é a discussão do movimento sindical, o debate em torno da nossa filiação na CUT. A gente quer abrir um debate franco com a categoria, inclusive colocando a importância de ser um sindicato filiado a CUT. A nossa proposta não é uma simples adesão, mas é lutar por um outra direção para movimento político a nível nacional.

Por fim, o que o senhor tem a dizer para os companheiros docentes?

Chamo todos os filiados para participar desse momento importante que é a eleição. Nós sabemos que só tem uma chapa concorrendo, mas é importante que todos os filiados participem e se manifestem com o apoio às perspectivas que nós aqui colocamos. Ao votar nas eleições, se fortalece um instrumento de mobilização e luta da categoria. Fortalecer a APUR é fortalecer a universidade pública, é defender uma alternativa democrática na UFRB. Para aqueles que ainda não são filiados, que se filiem, porque não se filiar ao sindicato significa que você fica a mercê de uma estrutura que não é democrática, e sendo sindicalizado, por um lado, você fortalece a luta da sua categoria, e por outro, você adquire uma série de benefícios, não só práticos, mas você adquire o principal bem de um associado, que é o direito de participar do destino de seu sindicato.

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