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II CICLO DE DEBATES DISCUTE O ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E NA UFRB

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O presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), professor Antonio Eduardo Oliveira, foi um dos convidados para o primeiro debate do II Ciclo de Debates sobre acesso e permanência no ensino superior, que teve início ontem à noite (16) no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL). Com o tema “Perspectiva e balanço no Ensino Superior: locus na UFRB”, o debate também contou com a professora Georgina Gonçalves e com Paulo Ricardo Reis, do Movimento Estudantil.

O professor Antonio Eduardo iniciou sua fala defendendo que o primeiro debate que precisa ser feito é sobre o papel da universidade, falando especificamente da UFRB, no processo de mudar o perfil do ensino superior no país, pois esse ensino, inicialmente, era muito localizado, acontecendo apenas em Estados como Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Já no nordeste, o ensino superior foi sempre muito centralizado no público de classe média. Mesmo o processo de expansão que vem ocorrendo nos últimos 10 anos ainda é, na visão do professor Antonio Eduardo, um processo incompleto.

Apesar de ainda ser incompleto, o presidente da APUR defende a expansão do ensino superior, mas que é importante ter-se em mente o tipo de instituição que se quer construir. “Esse espaço não pode ser aquele tradicional, ele tem que ser de acolhimento de boa parte da população, de jovens de extratos populares que não tiveram acesso ao ensino superior. Esse processo de expansão não é simplesmente geográfico, mas é também a construção de um outro tipo de espaço universitário, por isso a importância da permanência e do acesso”, defendeu Antonio Eduardo.

A professora Georgina Gonçalves começou falando da importância de estar discutindo o tema proposto pelo evento, pois não era um debate de apenas um momento, mas sim um debate que atravessa e que deve fazer parte do dia a dia de todos aqueles que defendem o projeto da UFRB. A professora trouxe para sua fala alguns dados que, em sua perspectiva, ajudariam na discussão do tema. Conforme ela, o Brasil só veio a ter ensino superior em 1808, e universidade apenas nos primeiros trinta anos do século XX, o que pode dizer muita coisa do ponto de vista do país.

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Georgina Gonçalves ainda lembrou que a UFRB é a segunda universidade federal do Estado da Bahia. “Então, esses aspectos isolados precisam ser articulados para a gente entender por onde passa a discussão. É importante considerar o que está por trás dessa construção”, explicou a professora.

Falando acerca da expansão do ensino superior, a professora disse concordar com Antonio Eduardo quando ele disse que era preciso avançar, mas, para ela, também é importante que se defenda que a UFRB é uma instituição de um modo diferente. Segundo a professora Georgina, é necessário que a comunidade universitária pergunte a si mesma quais as prioridades para a formação no cenário de contemporaneidade.

Já Paulo Ricardo começou sua fala contextualizando o momento atual de cortes de verbas que, para ele, não é uma crise econômica, mas sim política. O integrante do Movimento Estudantil colocou que é preciso que se tenha em mente que o problema da crise não é da universidade, pois a crise na educação seria, na verdade, para pagar dinheiro a bancos.

Paulo Ricardo ainda afirmou que é necessário perceber que existe uma discriminação regional; que as universidades de determinadas regiões e territórios recebem muito menos que outras, e isso não se daria por uma questão de cálculo de número de estudantes. “É uma questão política, porque o poder público federal não compreende que a UFRB é uma universidade que merece o mesmo tratamento que outras consagradas”, defendeu Paulo Ricardo.

O integrante do Movimento Estudantil também fez uma reflexão sobre os problemas de fixação na universidade, citando os altos índices de desistência de discentes, docentes e servidores técnicos. Paulo Ricardo também lembrou que a UFRB ainda não providenciou o Restaurante Universitário.

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Com o Dia da Consciência Negra se aproximando, a defesa de uma UFRB negra não poderia deixar de aparecer nas falas. Paulo Ricardo foi veemente ao dizer que se vivem 10 anos de colonização dentro do Recôncavo, porque ele não vê o povo preto, através de suas manifestações e saberes, no cotidiano da comunidade acadêmica. “Por mais que se fale e que se pinte a sua casca de pessoas negras, continua sendo um aparelho de colonização. Para mim, se a UFRB não for preta e popular, não é a UFRB do Recôncavo”, concluiu Paulo Ricardo.

Na visão do professor Antonio Eduardo, a universidade precisa lutar contra a discriminação racial no país. “Não basta a UFRB se conclamar a maior universidade negra do país, nós temos que mostrar e construir essa universidade. Temos que ter, primeiro, uma conduta defensiva; temos que defender as nossas conquistas”, opinou o presidente da APUR.

O II Ciclo de Debates sobre acesso e permanência no ensino superior foi desenvolvido e organizado pelos discentes do grupo PET Conexões – Acesso, Permanência e Pós-permanência na UFRB, e vai até a próxima quarta-feira (18).

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