O primeiro dia do 46º Encontro da Regional Nordeste III do ANDES-SN foi marcado pelo debate sobre as manifestações que vêm ocorrendo em todo o Brasil. Com o tema “A convulsão social e a Universidade Brasileira”, os expositores Milton Pinheiro, 1º Tesoureiro da Regional Nordeste III e professor da Universidade do Estado da Bahia (UNEB); e Mauro Iasi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), refletiram não só as manifestações em si, mas também o papel da universidade nesse momento singular do país.
Segundo Milton Pinheiro, convulsão social se refere aos movimentos de insatisfação popular que não têm um segmento canalizado para esse processo de transformação, seria muito mais a necessidade de responder demandas da sociedade como, por exemplo, a questão do preço do transporte, saúde, educação, contra a violência. Nesse processo, a universidade também tem suas reivindicações: “No momento em que a gente está vivendo, a universidade está profundamente precarizada, então, aproxima-se um tempo onde a própria universidade, discutindo as temáticas que advém da sociedade, pode também tentar lutar para resolver as demandas que ela tem necessidade”, disse Pinheiro.
O docente ainda colocou que fazer a relação entre a universidade e a convulsão social é compreender uma luta por direitos que perpassa a sociedade e perpassa também a universidade. “O espaço privilegiado para discutir isso é o ambiente acadêmico, que tem professores e técnicos em condições de propor e pesquisar minimamente a resolução desses problemas, compreendendo que esses não são problemas que se resolverão na lógica da sociedade capitalista. Mas que podemos criar perspectivas de sociabilidade para a população”, afirmou o docente.
O professor Mauro Iasi acredita que esse seja um momento rico para toda a sociedade brasileira, bem como para toda a universidade. “É um bom momento para a universidade, que já vinha questionando esse caminho, como foi demonstrado na última greve, aproveitar para cobrar com mais intensidade e convicção os caminhos da universidade pública no Brasil. Colocar diante do governo que não se trata apenas de mais verbas para a educação, mas que queremos discutir a forma de criação da universidade pública no Brasil nos termos em que ela foi pensada”, pontuou o professor.
Quanto à postura do governo diante das manifestações, o docente defendeu que não é que o governo não tenha iniciativa ou criatividade para responder, é que ele não pode fazer isso mantendo os mesmos pactos: “As ruas querem mudanças, e o governo reafirma que não pode, mantendo a aliança com o PMDB. O governo aposta que o movimenta recua e ele volta a fazer o que ele vem fazendo há 10 anos sem que a população questione”, colocou Iasi.