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Violência nos campi e no Recôncavo: APUR apoia o combate à violência de gênero e homofobia na UFRB e reivindica medidas da Reitoria

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A Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR) participou, na tarde dessa quarta-feira (25), de uma audiência entre o Núcleo Capitu de Estudos, Pesquisa e Extensão em Gênero e Sexualidade, o Núcleo de Gênero, Diversidade Sexual e Educação/ Propaae e o reitor Paulo Gabriel Nacif. Na oportunidade, os Núcleos denunciaram abusos, violências físicas e verbais e até mesmo ocorrências de estupros de alunas e ataques homofóbicos que acontecem dentro e fora do ambiente da universidade, e exigiram um posicionamento público e mais contundente da reitoria diante da questão.

Em posse de um dossiê, elaborado por estudantes e pelos Núcleos, que traz um retrato da violência de gênero dentro da UFRB, a coordenadora, a professora Ana Cristina Givigi, relatou a existência de inúmeros casos de violência contra gays e lésbicas, de mulheres heterossexuais ou não que sofrem com o machismo que ainda impera dentro da universidade, até mesmo por parte de docentes. Para a professora, isso não diz respeito apenas às vítimas: “É de responsabilidade da UFRB interferir junto aos poderes públicos. Somos todos ameaçados e violados junto com esses alunos. A reitoria não pode fazer tudo sozinha, mas podemos fazer isso juntos à medida em que tivermos condições estruturais e políticas para isto”, ponderou Ana Cristina.

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A estudante do CFP e 1ª Diretora LGBT da UNE, Larissa Passos, afirmou a necessidade de a universidade criar políticas que se comprometam com a luta contra a violência de gênero, pois, muitas vezes, a homofobia, por exemplo, acaba sendo institucionalizada: “A universidade parece se silenciar em alguns setores. Quando se silencia, ela está pactuando com isso. A universidade acaba virando parceira do opressor”, colocou a estudante.

Indignado com a situação, o estudante Loran Prazeres deixou claro que essa não é a UFRB de qualidade e de inclusão, e cobrou uma posição clara do reitor: “É para agora, a gente não pode mais esperar. O senhor, enquanto reitor, precisa se posicionar. Precisamos de uma postura institucional, a universidade também é parte desse processo”, exigiu Loran.

No decorrer do encontro com o reitor, vários estudantes manifestaram suas angústias e experiências dolorosas de violência física ou simbólica. Segundo Alanie Mineiro, estudante do CCS, os estudantes da UFRB sofrem agressões constantes, o que vai de encontro à proposta de uma universidade pública federal, que deveria ser ativa na luta contra esse tipo de violação de direitos, bem como contribuir para que a sociedade abrisse os olhos para essas questões: “É uma cegueira não natural, vem de fora. Está na hora de a gente entrar nessa discussão e assumir essas bandeiras”, disse Alanie.

Tanto a coordenadora dos Núcleos, quanto os estudantes que deles fazem parte chamaram a atenção para a necessidade de um envolvimento e parceria de toda a universidade nessa luta. Nesse sentido, a APUR tem apoiado todas as ações não só do Capitu, mas de todos os grupos que lutam contra toda e qualquer forma de violência. Para o presidente da APUR, David Teixeira, as denúncias feitas no dossiê precisam ser tratadas do ponto de vista emergencial.

Ações emergenciais

David Teixeira também expôs a preocupação em relação ao tratamento preconceituoso que alguns servidores e professores dão aos alunos. O professor defende que seja garantido o direito de igualdade no tratamento de todos, para isso, são necessárias ações internas. “As nossas estruturas físicas agravam a situação. Não há estrutura de acolhimento e acompanhamento do indivíduo violentado. O atendimento público institucional é frágil e, quando isso acontece a Universidade torna-se o espaço único de atendimento das demandas; por isto a necessidade de que a UFRB dialogue com todos os setores da sociedade e exija posicionamento do estado.”, pontuou David. “Não podemos fazer de conta que os alunos violados não são da UFRB” reafirmou ele.

Após as falas, o reitor Paulo Gabriel Nacif também se colocou diante da situação apresentada. Como tentativa de resposta às demandas colocadas, o reitor anunciou algumas providências: assumir, o mais rápido possível, o direito ao nome social às pessoas transgêneros; uma reunião para estabelecer algumas ações concretas em relação à estruturação do Núcleo; oferecer cursos para os servidores, inclusive acrescentando esta pauta ao PACAP; promover debates formativos por meio de estudiosos de gênero e sexualidade, garantindo passagens e diárias para isso; publicar uma cartilha sobre a universidade e a homofobia. Paulo Gabriel também afirmou não ter nenhum problema em abrir o debate sobre a questão das cotas para pessoas transgenêros: “Se vocês apresentarem um projeto, podemos abrir para audiência pública, eu assumo”, afirmou o reitor.

O reitor também frisou a importância do debate sobre essas questões (principalmente se for levado em consideração que muitos dos casos de violência partem de professores), bem como do Movimento LGBT para a consolidação da UFRB: “Um movimento fundamental para consolidar a UFRB. A gente precisa debater, não podemos formar bárbaros qualificados”, defendeu Paulo Gabriel.

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