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Depoimento de Herbert Martins, primeiro presidente eleito da APUR

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Herbert Martins, primeiro presidente eleito da APUR

A criação de uma entidade sindical é um ato formal e ocorre no momento do seu registro no cartório civil de pessoas jurídicas. No entanto, é preciso que, anteriormente, tenha ocorrido a reunião de um grupo de docentes que perceberam a necessidade política de se ter um sindicato atuante dentro da UFRB. No primeiro momento, essa tarefa recaiu a uma geração de professores, em sua maioria, da antiga escola de Agronomia, mas todos da antiga UFBA. Quando cheguei à UFRB, em julho de 2009, já havia ocorrido a assembleia de criação da APUR, restava apenas que se autorizasse o registro da associação no cartório de Cruz das Almas.

No entanto, isso não foi feito de imediato. O debate entre ANDES e Proifes, que estava posto desde 2008, fez com que aquele conjunto de docentes, entre eles Baiardi, Soraya, Robério, Geraldo Costa, Joelito, aguardasse a chegada de mais professore(a)s, em virtude dos concursos que estavam ocorrendo. Hoje, eu reputo a atitude daquela geração como a mais acertada para o momento. Em 2010, após uma reunião no Beira Rio em Cachoeira, a então Diretoria Provisória da APUR deliberou por percorrer os Centros da Universidade dialogando com o(a)s docentes sobre a necessidade de se registrar a APUR. Informações nos chegavam que a congênere de Salvador arquitetava um movimento de criar um Sindicato Estadual congregando todos(as) o(a)s docentes das Universidades Federais da Bahia, o que, evidentemente, incluía a UFRB. Um disparate de autoritarismo e arrogância política inolvidável.

Após várias reuniões, foi deliberado o registro jurídico da APUR como sessão sindical do ANDES. O que se seguiu depois foi o processo de institucionalização da APUR. Institucionalizar é algo que acontece a uma organização com o passar do tempo. Talvez, o significado mais importante de institucionalizar seja infundir um valor, além das exigências técnicas da tarefa de um sindicato. Neste aspecto, a motivação inicial que nos moveu foi a instauração de um sentimento de pertencimento que, até então, não existia na UFRB. Era preciso fazer com que a APUR se tornasse o receptáculo dos anseios do(a)s docentes da Universidade. Que para ela fossem carreadas as reivindicações por melhores condições de trabalho, e de defesa da Universidade pública de qualidade e socialmente referenciada.

Ter uma associação docente atuando dentro da UFRB se tornou necessário, não somente para romper com a tutela da UFBA sobre nós, mas, sobretudo, preservar a identidade da UFRB, a nossa alteridade. Era, portanto, inadmissível que a vida política dos nossos docentes estivesse sob a tutela da gigante UFBA. É claro que isso teve reflexos para dentro da Universidade, na medida em que rompia com a situação esdrúxula de não se ter vida sindical na UFRB, como queria alguns docentes integrados à administração central. Ou seja, a arena política de formação de lideranças, tão cara à reprodução e integridade das instituições, seria transferida para Salvador. Além disso, a atuação da APUR marcaria a luta pela defesa de um modelo de Universidade pautada na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e, portanto, contrariaria ao estabelecimento de um “escolão”. Passados cinco anos da sua fundação, é enorme a certeza de que a APUR deixou de ser um ideal e se transformou numa realidade que, no entanto, precisa ser fortalecida cada vez mais. Venha para a luta, que a luta cresce.

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