O presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), professor Antonio Eduardo Oliveira, foi convidado para participar, nesta quarta-feira (25), da roda de conversa “Movimento Estudantil Baiano na Resistência à Ditadura Militar”, promovida pelo movimento Ocupa Ana Nery, formado por estudantes do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) que estão ocupando o prédio administrativo do CAHL desde o dia 19 de março.
O professor Antonio Eduardo já tem certa familiaridade sobre o tema que, inclusive, foi objeto de estudo de sua dissertação de mestrado. Por conta disso, ele apresentou uma trajetória histórica do Movimento Estudantil (ME) não só na Bahia, mas também destacou acontecimentos importantes a nível nacional e internacional.
Dentre os acontecimentos que marcaram a trajetória do ME, o professor citou a revolta dos estudantes de Córdoba, na Argentina, que realizaram uma greve geral, levando à renúncia do reitor; as manifestações que ficaram conhecidas como o Maio de 68 na França, balançando o governo de dez anos do general De Gaulle, realizando um confronto aberto com as estruturas de poder do país e, no Brasil, a intensa participação do Movimento Estudantil na campanha “O petróleo é nosso”, bem como a greve contra o jubilamento ocorrida em 1975 na UFBA.
Durante toda a sua fala, o professor Antonio Eduardo mostrou uma preocupação com a formação política dos estudantes, sempre salientando a importância de estudar a história de luta do Movimento Estudantil. Trazendo o debate para o movimento local e suas reivindicações, o presidente da APUR lembrou aos estudantes que o poder na universidade é totalmente baseado na burocracia universitária, onde os estudantes só são lembrados na hora de depositar o voto.
Por sua experiência enquanto estudioso, e pela visão de quem já participou do ME, Antonio Eduardo colocou que o Movimento Estudantil não pode ser feito em abstrato, mas sim por meio de mobilizações e reivindicações. “Não pode ir só para o pico, para o momento de euforia, tem que ser um movimento de luta constante. Vocês precisam ficar em alerta, tem que ser um processo de luta contínua, pois o que garante a vitória é a mobilização, é a luta”, completou o professor.
Segundo Antonio Eduardo, a luta estudantil não vai se resolver numa reunião ou numa assinatura de documento, é necessário reafirmar posições, buscar o apoio e a participação da base, pois, em sua opinião, é com a mobilização que se constrói a universidade. Reafirmando sua posição sobre a importância do fórum tripartite, o presidente da APUR defendeu que o poder da universidade tem que ser compartilhado entre todos.