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REUNIÃO DO SETOR RELEVA O CRESCIMENTO DA LUTA CONTRA O GOLPE NA CATEGORIA E A FORTE CRITICA À POSIÇÃO DE SUPOSTA NEUTRALIDADE DA DIRETORIA DO ANDES NAS BASES

REUNIÃO DO SETOR RELEVA O CRESCIMENTO DA LUTA CONTRA O GOLPE NA CATEGORIA E A FORTE CRITICA À POSIÇÃO DE SUPOSTA NEUTRALIDADE DA DIRETORIA DO ANDES NAS BASES

Antonio Eduardo Alves de Oliveira

Presidente APUR

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Realizou-se em Brasília, nos dias 14 e 15 de maio, a reunião nacional do Setor das federais do ANDES. Essa atividade foi marcante, pois foi a primeira realizada após o golpe político que afastou a presidente eleita Dilma Rousseff no processo de impeachment.

O eixo da reunião foi, evidentemente, a discussão sobre a conjuntura política e a necessidade da Luta contra o governo Temer que, na véspera do encontro, na sexta-feira (13), no anúncio dos ministérios (formados por corruptos, capitalistas e sem nenhuma representação das mulheres e dos negros), já anunciava, para quem duvidava, o objetivo real do golpe, que o eixo do governo golpista é atacar ainda mais duramente os trabalhadores e o povo.

Em linhas gerais, o encontro evidenciou a crise da política de capitulação do ANDES aos golpistas e o crescimento da indignação da base com a política pró- direita e, por tanto, de traição política da CSP/PSTU, que o sindicato nacional está vergonhosamente atrelado.

As críticas mais duras e as propostas mais contundentes contra a política da diretoria do ANDES vieram justamente da assembleia de base da seção sindical do próprio presidente do ANDES. Assim, os docentes da Seção Sindical do ANDES-SN na UFSC (ANDESUFSC), reunidos em assembleia dia 11 de maio, aprovaram propostas de total repúdio a essa política, que foi apresentada de maneira constrangida pelo representante dessa secção (apesar, diga-se passagem, corretamente votou em acordo com o mandato da assembleia e não pelas suas próprias posições políticas).

Foi apresentada pela Seção Sindical do ANDES-SN na UFSC (ANDESUFSC) a seguinte proposta para o setor : “Em relação à posição veiculada insistentemente pela CSP-Conlutas de defesa do “Fora todos Eles”, que se confronta com a deliberação congressual do ANDES_SN e que foi colocada como central e secundada pela direção do ANDES-SN, o setor das IFE indica à Direção Nacional que esta manifeste o desacordo à SEN e à coordenação.”

Depois de um intenso debate, com a tentativa da diretoria do ANDES em afirmar que a CSP não defende o “Fora Todos”, mas o “Basta todos”, e que democraticamente nos atos da central como 1° de abril e 1° de maio, militantes políticos levam bandeiras pelo “Fora todos” e “Fora Dilma”. Essa verdadeira conversa para boi dormir, não teve muita sustentação, uma vez que foi mostrado pelos delegados vídeos, imagens e documentos da CSP defendendo o ”Fora Todos”, inclusive do uso da imagem do ANDES pelo PSTU de maneira manipuladora em vídeo em seu site no ato do 1° de maio pelo” Fora Dilma” e “Fora Todos”.

Finalmente a votação da proposta mostrou a divisão do sindicato nacional , foram 11 votos a favor da resolução proposta e 12 contrários, ou seja, a diferença de apenas um voto.

A situação política no Brasil tem deixado a esquerda pequeno-burguesa que dirige o sindicato nacional por mais de uma década claramente desnorteada. Enquanto tem crescido a mobilização popular, em particular nas universidades com a formação de mais de 80 comitês nas instituições de ensino superior, alguns grupos ultraesquerdistas têm defendido francamente o golpe, outros disfarçadamente. Agrupamentos que inclusive estão na “nova” chapa “combativa” da diretoria nacional do ANDES defendem o “Fora Dilma” e “Fora Todos!”.

Em relação ao posicionamento sobre a crise política, o golpe em curso e a política diante do governo Temer, a diretoria argumentava que o setor não podia deliberar nada, mas apenas discutir os cenários e esperar o CONAD marcado para fim de junho.

A esse respeito, o setor aprovou uma importante iniciativa, a convocação de assembleias de bases para discutir a conjuntura e luta contra o PL 257 e a realização de um encontro do setor federais, convocando outros setores do ANDES (estatual) para participar no dia 3, 4 ou 5 de junho.

Em relação o fato que nessa conjuntura o ANDES não tem resolução nenhuma, a diretoria procura se esquivar e colocar a culpa nas bases.  A diretoria do evitou explicitamente o debate sobre a crise política nas instâncias formais do sindicato nacional e agora, depois de desarmar a categoria para enfrentar a dura conjuntura política, de maneira cínica, coloca a culpa nas “bases” afirmando que o ANDES não tem posição e, portanto, a diretoria não poderia fazer nada.

Diversas críticas foram apresentadas por várias seções sindicais (não vou citar nenhuma delas, mas são posições públicas basta ver nas entidades de base) já no ponto de informes, já mostrando que a posição da diretoria do ANDES de capitulação diante do golpe não tem sustentação alguma na base da categoria. O discurso predominante pela diretoria e as seções sindicais controlados pelo grupo majoritário era mais uma vez afirmar que o Congresso tinha rejeitado a luta contra o impeachment por ampla maioria, e que a proposta de colocar como eixo a luta em defesa democracia , apresentada pela APUR, era ultraminoritária tendo apenas um punhado de votos.

Entretanto, a reunião do setor demonstrou que existe um evidente crescimento da luta contra o golpe na categoria, e que a política da diretoria não tem sustentação, assim foi apresentada (não aprovada) a proposta apresentada pela diretoria da APES-JF: “critica à Direção do ANDES-SN por não ter convocado um CONAD extraordinário para definir a posição do ANDES-SN frente à crise política”

É importante ressaltar que no ano passado foi convocado um CONAD extraordinário apenas para satisfazer os interesses mesquinhos da CSP, não havendo nenhuma pauta significativa, e este ano, apesar da necessidade evidente da convocação de um CONAD para discutir o colossal erro político e estratégico do congresso do ANDES, nada foi feito.

Esse erro não foi um erro banal e nem por acaso, o grupo hegemônico que controla o sindicato nacional realiza as famosas instâncias de decisão do sindicato apenas como uma mera formalidade. O congresso do ANDES é uma farsa montada para de maneira proposital não fazer a discussão política dos temas relevantes. Na verdade, vamos ser claros, os congressos nacionais é uma grotesca manipulação da esquerda pequeno burguesa para construir uma falsa legitimidade para fazer o que bem entende na diretoria do ANDES. Talvez, a única instância realmente participativa e democrática é na estrutura do ANDES, a reunião dos Setores.

O último congresso foi uma encenação visando compor uma chapa com os golpistas declarados do PSTU, que de maneira covarde não tiveram a coragem de apresentar publicamente para os delegados do congresso o que todo mundo sabe, a sua política pró- direita de derrubada do governo Dilma. Isso por quê? Para não dificultar o acesso aos cargos e ao aparato do sindicato, pois sendo explícitos certamente contrariariam as bases do grupo que dirige o ANDES. Entretanto, não tiveram a vergonha de defender o acordo assinado pelo Proifes.

Mas existe vazio na política? O ANDES não tem lado? Evidentemente que não, no seu documento sobre a situação política publicado antes do impeachment, a diretoria do ANDES continua com a mesma cantilena que “o PT é de direita e que PT é igual ao PSDB”, que a disputa entre as forças políticas é “uma falsa polarização”. Insistem em dizer que não há golpe, contra todas as evidências (manipulação do judiciário, legislativo golpista e ditadura midiática) numa clara defesa dos golpistas da direita. Há ainda os que, diante do golpe em curso, O PSTU e seus aliados da esquerda pequeno-burguesa que defendem o “Fora Todos!”, junto com a direita golpista.

Por isso, a diretora do ANDES, no seu acordo de aparato com a CSP /PSTU, participa em atos pela derrubada do governo, alegando que foi convocado pelo Espaço Unidade da Ação, que não é instância do sindicato (veja a picaretagem da defesa das instâncias democráticas, quando é do interesse desrespeitam como se diz na Bahia “cara dura” ou no uso corrente na “cara-de-pau”). Nos dia 1° de abril e 1º de maio lá estava alegremente a diretoria do ANDES participando de atos que não reuniram ninguém e serviram apenas para o PSTU em sua cruzada pelo “Fora Todos”. Não é por acaso que a mídia golpista, a despeito da ninharia do ato, destacado: “Ato da Conlutas na Avenida Paulista pede ‘fora todos eles’ e novas eleições”, esse foi o título da matéria do G1 (portal da internet da Rede Globo).

No confronto entre o governo Dilma e os golpistas da direita reacionária, a diretoria do ANDES-SN resolveu, à revelia da sua base, adotar de maneira sorrateira a política golpista do PSTU/CSP de “construção do terceiro campo”, uma maneira tinhosa de defender o golpe.

Voltando à reunião do setor, uma votação decisiva foi sobre a caracterização do impeachment como golpe, sobre a necessidade de luta contra o governo golpista e em defesa da democracia. Não vou reproduzir o teor dos debates, não seria conveniente, alguns alegavam o surrado argumento que não se podia votar nada, pois não havia resolução do congresso do ANDES, e outros apontavam argumentos de conteúdo, do tipo que se o ANDES não reconhecer o governo Temer, o sindicato não poderia negociar com o governo, entre outras pérolas.

Como acontecerá o esperado CONAD, vamos aguardar para fazer uma crítica minuciosa sobre a base de documentos escritos no caderno de textos, para não ser acusado de “inventar” falas etc.

Mas no fundamental nos encaminhamentos sobre conjuntura foram apresentadas as seguintes resoluções :

a) “Solicitar manifestação pública do Sindicato nacional, via setor das Federais, contra o ataque à democracia no país, duramente conquistada pela classe trabalhadora; solicitar que se manifeste também contrário ao golpe em curso;”

b) “Que o setor retire posição de não reconhecimento do governo Temer, que ascendeu por golpe e seu governo se inicia apontando retrocessos;”

c) “Que o ANDES-SN se posicione de forma mais clara sobre o risco que o golpe representa sobre as garantias fundamentais da constituição federal e de liberdades democráticas pelo estado de direito e contra o golpe.”

As três propostas foram votadas em conjunto e teve o total de 8 votos contra 13 votos pela sua rejeição. A tarefa colocada pelo movimento docente é continuar a luta contra o golpe nas universidades, e ao mesmo tempo intensificar a pressão para que o ANDES rompa com a política capituladora da diretoria da entidade e sobretudo com a política golpista pró-direita da CSP/PSTU.  Vamos construir um amplo movimento nas assembleias de base e no próprio CONAD para que o ANDES seja resgatado como um sindicato de luta, que não se calará diante do golpe da direita.

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