O Ministério do Planejamento não apresentou proposta de política salarial para a administração pública na reunião desta quarta-feira com representantes de mais de 30 entidades nacionais, entre elas a Condsef – Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (foto acima). No lugar, o secretário de Relações do Trabalho, Duvanier Ferreira, informou que antes de falar sobre uma política com reajuste linear, o governo precisa fazer um balanço do que já foi concedido em termos de reajuste entre 2008 e 2010 a diversas categorias. A partir dessa análise, o governo poderia avaliar melhor o que propor para os trabalhadores do setor público. Outra explicação para a ausência de proposta vem das distorções existentes hoje na administração pública. Para que uma política salarial linear com ganhos reais a partir do PIB possa ser implantada, a Condsef defende a necessidade do governo de considerar e corrigir as distorções existentes. Com prazo técnico para encaminhar propostas ao Congresso Nacional até o dia 31 de agosto, o Planejamento confirmou nova reunião com as entidades para o próximo dia 15. Veja a seguir o que mais foi debatido na reunião desta quarta.
Além das explicações para não apresentar proposta de política salarial para o setor público, o secretário de Relações do Trabalho apresentou dados do que significaria em termos numéricos o atendimento apenas das novas reivindicações apresentadas este ano ao Planejamento. Segundo Duvanier, só essas demandas necessitariam investimento de cerca de R$ 19 bilhões para ser atendidas. O secretário informou ainda que para atender cerca de 70 acordos assinados com diversas entidades sindicais nos últimos três anos foram necessários investimentos da ordem de R$ 38 bilhões.
Acordos firmados e ainda não cumpridos – No cenário apresentado por Duvanier Ferreira não foram contabilizados os acordos firmados e ainda não cumpridos. Diversas entidades, como é o caso da Condsef, possuem memoriais assinados que garantiam a continuidade das negociações não concluídas durante o governo Lula. Veja aqui o memorial assinado entre Condsef, SRH e CUT.
Na próxima reunião a Condsef deve apresentar um estudo de sua subseção do Dieese com os valores que seriam necessários para atender as demandas que estão no memorial assinado com o Planejamento. A expectativa da Confederação é de que essas demandas – incluindo a extensão da Lei 12.277/10 para servidores de nível superior e concessão de reajuste similar aos níveis intermediário e auxiliar do PGPE, PCST e carreiras correlatas no Executivo – sejam asseguradas pelo governo.
Oficinas para discutir projetos que estão no Congresso continuam – O Planejamento informou ainda datas para continuar oficinas que discutem os projetos que tramitam no Congresso Nacional e afetam diretamente os servidores públicos. Sobre o PL 248/98, que prevê quebra de estabilidade e demissão por insuficiência de desempenho, Duvanier informou que já existe proposta que inclui sugestões de ajustes apresentadas por entidades sindicais. Nessas mudanças está incluída a capacitação e qualificação para aqueles que apresentarem avaliação insuficiente na administração pública. Na reunião do próximo dia 15 é possível que um termo de acordo sobre este projeto possa ser assinado entre entidades e governo.
No dia 21 de junho aconteceu oficina sobre o PL 1992/07, que trata da criação de uma Previdência Complementar para o setor público. O Planejamento propôs a construção de um relatório com resumo dos debates, apontado as visões do governo e das entidades sindicais. A partir deste resumo um debate seria promovido junto a parlamentares para buscar um consenso entre as posições antagônicas de cada parte.
Retirada dos projetos da pauta do Congresso – As entidades esperavam que o projeto pudesse ser retirado da pauta do Congresso enquanto os debates estão sendo travados. Mas o Planejamento informou que não está nos planos do governo retirar nenhum projeto já encaminhado ao Congresso. As propostas podem até ser substituídas por outro projeto, mas nenhum, reforçou o Planejamento, será retirado da pauta do Congresso. Exemplo disso é o PL 1749/11, mais novo projeto encaminhado pelo governo ao Congresso.
Encaminhado em regime de urgência, o PL substituiu a proposta da MP 520/10 derrubada recentemente no Senado e que prevê a criação de uma empresa para administrar hospitais públicos. Uma oficina para debater este projeto foi confirmada para o dia 21 deste mês. E no dia 28 foi agendada oficina para debater o famigerado PLP 549/09 que propõe congelado de investimentos públicos pelos próximos dez anos.
CDE e plenária nacional – O resultado da reunião de hoje e o balanço das mobilizações que ocorreram ao longo desta semana estão na pauta de discussão do Conselho Deliberativo de Entidades (CDE) e da plenária nacional da Condsef. O CDE se reúne nesta quinta, 7. A plenária nacional será realizada nesta sexta, 8, e deve votar os rumos da luta da base da Condsef em defesa do cumprimento do acordos (memorial) e atendimento de reivindicações urgentes necessárias para assegurar a melhoria dos serviços prestados à população.
Para assegurar o cumprimento de demandas urgentes, a mobilização de todos os setores da base da Condsef se faz fundamental. Os servidores devem estar preparados para pressionar e lutar pelo avanço nas negociações em curso. Caso queiram ver acordos firmados atendidos e assegurar investimentos para 2012, os servidores devem agir imediatamente.
Com informações da Condsef – Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal