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ANTROPOFAGIA: SENSIBILIDADE E POESIA TRANSFORMANDO COLEGAS EM COMPANHEIROS

Antropofagia: sensibilidade e poesia transformando colegas em companheiros

 

“Antropofagia: Coma-me, Enquanto come!”, esse foi o sugestivo tema dado ao almoço que reuniu os professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) nessa quinta-feira (30), no campus de Cruz das Almas, para mais uma atividade cultural e de sociabilidade.  Arrebatados pelo delicioso aroma do prato tipicamente mineiro, a galinhada, os docentes deixaram aflorar seus lados de cantor, tocador e poeta.

Um momento de descontração e de solidariedade, mas que ainda foi marcado pelas reflexões em forma de poema e de prosa de nomes marcantes como Carlos Drummond, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Alice Ruiz, Gabriel O Pensador, entre outros, lembrados e interpretados pelos docentes.

A professora do Centro de Formação de Professores (CFP), Cilene Canda, que levantou a plateia ao declamar a canção “Racismo é Burrice”, de Gabriel O Pensador, definiu o encontro como sendo um momento político e sensorial que vai muito além da convivência: “Momento de agregar pessoas, valores e conversas. É importante que se tenha momentos como esse no movimento político, mas também no cotidiano da própria universidade, pois é nesse momento que a gente estabelece parcerias, articulações, que também são políticas. Paramos para vermos as demandas, as necessidades, o que podemos fazer juntos e construir de fato um fazer universidade”, afirmou a professora.

Cilene ainda pontuou a relevância de unir a poesia a esse momento de mobilização vivenciado pelos docentes. Para ela, a poesia é altamente provocativa, é uma arte que lida diretamente com a sensibilidade: “É importante dizer que a sensibilidade também é política, pois ela nos retira do lugar habitual das coisas, do olhar habitual, cotidianamente estabelecido, e nos coloca a pensar sobre a vida, sobre a nossa sociedade e sobre nós mesmos. É importante enfatizar que a formação estética da universidade precisa ser valorizada, não só o conhecimento de intelecto, mas também o conhecimento sensível que é também altamente mobilizador do próprio intelecto”, disse ela.

Para o professor do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), Sérgio Guerra, apesar de a greve ter uma dimensão que é jurídica, legal e política da relação de trabalho que se forma entre trabalhador e empregador, ela também deve ser vista como uma ocasião de construção de uma identidade profissional docente. “Então, tem tudo a ver que a arte faça parte do movimento, e é até saudável e desejável, porque ela é capaz de congregar, independente das posições que se estabeleça e das diferenças que se coloque durante o processo de construção da greve”, defendeu o professor.

O professor frisou a capacidade que momentos como o de hoje têm para construir identidades de grupo: “A gente é capaz de se transformar de um coletivo que tem apenas uma identidade funcional, para também ter uma identidade de relação, de classe, de corpo, de confraria,” disse Sérgio.

Assim como a professora Cilene Canda, Sérgio Guerra também reconheceu que esse tipo de evento propicia uma maior interação entre os docentes. Segundo ele, a dinâmica das assembleias é muito pragmática, o que impossibilita uma conversa mais casual: “Nesses momentos, a gente consegue transformar o colega em companheiro e companheira de uma jornada que não é só de disputa por melhores condições, mas também de um trabalho que é coletivo”, afirmou Guerra.

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