– Homenagem ao Prof. Joelito –
Prof. Herbert Toledo Martins
Estamos aqui reunidos com o objetivo de prestar uma homenagem ao Prof. Joelito de Oliveira Rezende, portanto, de agradecer e ao mesmo tempo celebrar a sua presença entre nós durante esses anos. O Prof. Joelito tem um curriculum extenso e uma longa caminhada dentro dessa casa que merece a nossa mais profunda gratidão. Seus cabelos brancos requerem o respeito devido aos mais velhos, àqueles que são o repositório da sabedoria de uma comunidade, os condutores da vida que realizam o elo de união entre o passado e o futuro, os educadores da juventude. Este é o primeiro ritual de homenagem e celebração realizado pela APUR, por entendermos que a sua prática nos ajuda, a cada um de nós aqui presentes, a ver que somos partes de algo maior, partes de uma comunidade e, dessa forma, nos preenche de um sentimento de unidade, de segurança e de conforto mútuo. Este foi e ainda permanece sendo um dos objetivos da nossa associação sindical, como registrado no documento de apresentação da sua primeira Diretoria eleita: a construção do sentimento de pertencimento, do orgulho de ser professor(a) da UFRB. Os “meninos da APUR” como carinhosamente o Prof. Joelito se refere aos membros da diretoria do sindicato estão orgulhosos de prestar essa justa homenagem, pois é uma oportunidade de agradecer e retribuir o apoio fundamental que as suas palavras de confiança e incentivo emprestaram à consolidação da nossa associação sindical. Momento difícil da história dessa associação. Iniciamos um sindicato sem sede, sem telefone, sem endereço, sem caixa, acossados pela congênere de Salvador, e com uma desconfiança enorme por parte dos pares de que nascíamos sob o signo da discórdia, do oportunismo político e dos desentendimentos e rancores domésticos oriundos da lendária Escola de Agronomia. No entanto, desde o início lá estava presente a voz do Prof. Joelito, como que demarcando terreno separando o joio do trigo. Por isso, Prof. Joelito, foi fundamental quando ouvimos do Senhor, em pleno processo de greve, palavras de reconhecimento de que somos um grupo de “meninos” preocupados com o futuro da UFRB. Sua deferência nos enche de orgulho e alegria, nos garante a certeza de que a escolha que fizemos por ter um sindicato próprio dentro da Universidade foi acertada, mas ao mesmo tempo nos chama para a responsabilidade das batalhas do porvir. E entre elas está a democratização da UFRB. E quando falamos de democratização não estamos falando apenas do fim das discriminações que limitam o acesso dos trabalhadores, negros e pobres à Universidade, mas também da sua democratização externa e interna nos termos de Boaventura de Sousa Santos (2008). Externamente, a Universidade é assediada por grandes empresas corporativas que almejam transforma-la em ‘negócio’, proletarizando o(a)s docentes e pesquisadore(a)s. Mas, também, a Universidade estabelece laços externos com forças sociais progressistas oriundas, sobretudo, dos movimentos sociais capazes de gerar pressão para que temas de interesse social entre nas agendas de pesquisa. E são exatamente esses últimos, os laços em condições de neutralizar o apelo à privatização da universidade. Internamente, os mecanismos de democracia devem estar ativos, “pois são eles que sustentam a liberdade acadêmica” capaz de barrar “a passagem à proletarização” requerida pelas forças do capital. Em face disto, devemos “defender a democracia interna da universidade pelo valor dela em si mesma, mas também para evitar que a democracia externa seja reduzida às relações universidade-indústria”. Neste aspecto, o papel do sindicato é primordial na defesa intransigente dos mecanismos que assegurem a democracia da Universidade, cuidando para que interesses políticos partidários e/ou econômicos externos não suplantem a política universitária e o compromisso social que a UFRB deve perseguir com as populações do Recôncavo, da Bahia e do Brasil. Seguimos, portanto, Prof. Joelito, coerentes com os nossos objetivos iniciais, de criarmos um sentimento de pertencimento dentro da UFRB, e essa celebração de agradecimento ao Senhor, por tudo o que fez por nós, é a manifestação inequívoca do nosso orgulho. Muito obrigado.
Cruz das Almas, 19 de fevereiro de 2013.