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CAHL PROMOVE FÓRUM DE DEBATE SOBRE BACHARELADOS INTERDISCIPLINARES

O Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) promoveu, nessa quarta-feira (08), o Fórum sobre Bacharelados Interdisciplinares (BIs). Na ocasião, a comunidade do CAHL pôde ouvir os relatos de experiência da ex-coordenadora do BI em Saúde do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Luciana Santana, do professor Messias Bandeira, um dos responsáveis pela implantação dos BIs na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e de alguns estudantes da UFBA que cursam algum tipo de bacharelado.

O professor Messias Bandeira afirmou que o BI é um curso que oferece uma terminalidade própria, em que os estudantes podem ir para o mundo do trabalho, fazer um segundo curso ou participar da seleção de mestrado e doutorado: “o BI se apresenta como uma nova modalidade de formação na universidade, no sentido de empoderar os estudantes no que diz respeito ao seu itinerário acadêmico, suas escolhas profissionais com melhores angulações e também com a possibilidade de fazer o segundo ciclo nos cursos profissionalizantes na universidade”, disse o professor.

Segundo Messias Bandeira, os Bacharelados Interdisciplinares não pretendem ser totalizantes, mas propõem uma mudança significativa na universidade, no seu conjunto formativo e nas rotinas acadêmicas: “Ele faz parte de um conjunto maior de reformulação da universidade no Brasil que está em andamento há alguns anos. Sem dúvida alguma uma experiência que dever ser apreciada, não no sentido de que é um modelo que deve ser implantado por outras, mas um modelo que precisa ser estudado para que cada instituição, dentro do princípio da autonomia universitária, introduza, crie seu próprio projeto de formação”, afirmou Messias.

A aluna do Bacharelado em Humanidades, Luciana Lopes, contou que escolheu o BI por causa da necessidade de uma interdisciplinaridade no conhecimento, já que, segundo ela, o conhecimento em alguns eixos de determinados cursos são muito fechados: “Então, quando a UFBA propôs esse tipo de curso, ela estava ampliando essa questão da escolha, dando autonomia ao estudante e, ao mesmo tempo, criando eixos que faziam uma ligação entre os componentes”, pontuou a aluna. Luciana ainda colocou que um dos diferenciais entre o BI e outros cursos está na questão de ter autonomia e ter um diálogo dos saberes.

Quanto à experiência na UFRB, a ex-coordenadora do BI em saúde, Luciana Santana, apresentou informações sobre o processo de implantação na UFRB que estudantes saem aptos a se colocarem no mercado de trabalho. Também ressaltou que, apesar da invisibilidade e da discriminação que os estudantes sofrem no CCS, o centro amadureceu bastante: “O CCS viu o BI crescer, passou a olhar para ele, a olhar para os estudantes. O processo não é fácil, mas temos que promover diálogos para que isso melhore”, afirmou Luciana.

Diferente da UFRB que conta, atualmente, com dois Bacharelados Interdisciplinares (Bacharelado em Ciências Exatas e Tecnológicas, no CETEC, e Bacharelado Interdisciplinar em Saúde, no CCS), a UFBA oferece quatro Bacharelados (Bacharelado em Artes, Bacharelado em Humanidades, Bacharelado em Ciência e Tecnologia e Bacharelado em Saúde). Os BIs da UFBA ficam sediados no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos (IHAC) e já tem 1.300 estudantes, 64 professores e 22 funcionários.

O debate sobre a criação de Bacharelados Interdisciplinares tem suscitado muitas dúvidas e inquietações na UFRB depois da proposta de que seja ofertado o Bacharelado Interdisciplinar em Cultura, Tecnologia e Linguagens no novo campus que será implantado na cidade de Santo Amaro.

Os professores presentes no evento questionaram o pouco tempo reservado ao debate, e ausência de palestrantes que apresentassem o contraditório. Foram feitas intervenções que criticavam o fato que os expositores apresentaram os problemas dos cursos tradicionais de maneira caricatural, para justificar as supostas vantagens da  “universidade nova”.

Por outro lado, na própria UFBA tem ocorrido um forte questionamento do sucesso da experiência do BI, o próprio Messias Bandeira reconheceu que “é importantíssimo que a implantação desse projeto tenha uma infraestrutura correspondente, recursos humanos, laboratórios, algo correspondente a essa velocidade de implantação”.

Por fim, uma questão colocada pelo plenária provocou uma importante reflexão sobre os resultados do BI na área de saúde na UFRB, uma vez que apesar de toda justificativa para criação dos BIS ser o combate a evasão e a melhoria das condições de permanência dos estudantes na universidade, foi apontado que a taxa de abandono do BI em saúde é de cerca de 40%, o que revela sérios problemas na implantação do BI, na UFRB.

De qualquer forma, a APUR considera interessante iniciativa da direção do CAHL em realizar uma discussão sobre os BIS, o que pese o pouco tempo destinado para o plenário participar do debate. Para o próximo semestre, a APUR que formou uma comissão própria para organizar o estudo e a discussão na categoria docente sobre os BIS, pretende organizar eventos como seminários e palestras sobre este e outros temas na UFRB.

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