A Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR) promoveu, na manhã dessa quarta-feira (13), a palestra Universidade e Desenvolvimento Regional, proferida pelo ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. O palestrante começou sua fala dizendo que, em sua opinião, somos um país com nível de conhecimento muito baixo, e que o papel primeiro da universidade é ampliar as fronteiras do conhecimento, trabalhando e aprofundando as realidades locais e regionais.
Questionado sobre a contribuição que a expansão das universidades públicas daria para o desenvolvimento regional, o ex-ministro defendeu que a expansão do ensino universitário constitui uma conquista civilizatória do país: “A educação é um direito fundamental do ser humano, e um direito fundamental também para a comunidade, seja ela local, regional ou nacional. Nós não podemos pensar num projeto de desenvolvimento no sentido mais amplo da palavra, um desenvolvimento econômico, político, social, cultural e ambiental, sem pensarmos na educação; educação associada à cultura, à pesquisa, ao desenvolvimento científico e tecnológico”, afirmou Patrus.
Patrus Ananias lembrou que o Brasil é um país com uma diversidade regional, cultural e social muito grande, e, para ele, é fundamental que as diferentes regiões do país sejam estimuladas a desenvolverem as suas vocações e as suas potencialidades. “E, para isso, é fundamental o conhecimento dessas vocações e potencialidades. Aqui, a universidade pode cumprir um papel fundamental. É fundamental o desenvolvimento endógeno, estimular os micros, pequenos e médios empreendedores regionais e locais, estimular o cooperativismo, o sociativismo, a economia solidária existentes nas regiões, na perspectiva também de absolver melhor as potencialidades dessas regiões”, pontuou o ex-ministro.
Mesmo considerando que a expansão universitária possibilite um desenvolvimento regional, Patrus Ananias mostrou-se ciente dos problemas que essa expansão pode gerar nas regiões que recebem essas universidades. Para ele, a universidade presente é um bem que abre novas perspectivas e novas possibilidades: “A presença da universidade traz também problemas novos, eu penso que esses problemas devem ser enfrentados pela comunidade local, pelos governos, pressionar as autoridades locais e regionais. Buscar também interlocução com governos estadual e federal. É fundamental que as universidades também se organizem. Eu penso que as universidades estão colocando desafios para nós continuarmos avançando na perspectiva de integrarmos cada vez mais a comunidade, os problemas locais e regionais”, defendeu Patrus.
O ex-ministro também falou sobre as políticas de desenvolvimento do país. Segundo ele, o Brasil deu um salto extraordinário nos últimos 10 anos, especialmente a partir do governo do presidente Lula, quando foi implantado, em janeiro de 2004, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, que, em se tratando de políticas de inclusão, ele considera um marco na história do país. Para Patrus Ananias, a mudança social foi muito intensa, e vem causando um benefício muito grande no desenvolvimento regional, porque os pobres, além de estarem alcançando a sua cidadania, estariam também se tornando consumidores de bens básicos.
Fazendo uma reflexão sobre o cenário político atual do Brasil, Patrus Ananias reitera sua opinião de que o Brasil teve um avanço extraordinário no campo social, mas que ainda falta muito por fazer, principalmente se levar em consideração o campo político: “Nós conseguimos um grande avanço que foi conciliar o econômico com o social, mas nós teremos ainda muitos desafios no campo político, e não é uma coisa fácil, reflete a realidade brasileira. O Brasil é um país complexo, um país diferenciado, tem a questão do multipartidarismo, a questão das alianças. Eu penso que nós devemos caminhar na perspectiva de uma reforma política, dissociar o econômico do político”, colocou Patrus.
A palestra fez parte das atividades do III Seminário de Pós-Graduação em Ciências Sociais, realizado no Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), e contou com a participação da diretoria da APUR, de docentes e discentes do CAHL, da diretora do centro, Georgina Gonçalves, do diretor do Centro de Formação de Professores (CFP), Clarivaldo Sousa, do vice-reitor Silvio Soglia e do secretário Lourival Trindade, que estava representando a prefeitura de Cachoeira.
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