34 congresso do Andes – Balanço político
Antonio Eduardo Oliveira
Presidente da APUR
Reunidos em Brasília durante quase uma semana ( 23 a 27) de fevereiro de 2015 cerca de 500 professores de todas as regiões do pais participaram do 34 congresso do Andes, sindicato nacional dos docentes.
A conjuntura política neste inicio de ano é marcada por importantes desafios para o sindicato nacional dos docentes e para o conjunto do movimento sindical/popular.
Em primeiro lugar, o governo Dilma no seu inicio de segundo mandato tem desfechado um profundo ataque aos trabalhadores através da chamada política de “ajuste fiscal” aplicada pelo seu ministro da economia Joaquim levy, que tem cortado verbas dos serviços públicos ( R$ 7 bilhões) somente na educação, com uma redução drástica das verbas para as universidades públicas, além de anunciar uma política de arrocho salarial para os servidores públicos.
A edição das Medidas provisórias (MP 664 e 665) completa o pacote de maldades do governo que retira direitos trabalhistas.
Por outro lado, através de uma campanha sistemática contra a Petrobras e pregando inclusive a derrubada do governo recém- reeleito, a direita nacional passa nitidamente a ofensiva, que se expressa pela atuação orquestrada da imprensa nacional e na eleição no presidente da câmara, Eduardo Cunha.
Portanto, o congresso do andes realizou-se em etapa política extremamente conturbada.
Os debates no congresso expressaram, ainda que maneira distorcida esta conjuntura. O que pese, os discursos inflamados e sectários de setor minoritário do movimento docente ( em especial da corrente majoritária do comlutas), a tônica geral dos delegados do congresso foi a busca de uma alternativa para enfrentar os desafios da conjuntura.
Apesar do bloqueio burocrático que a diretoria do Andes impôs ao congresso, o que levou a uma filtragem( ver nota) do que era possível debater e da grande perda de tempo nas discussões secundarias, o que dava a sensação de inutilidade do próprio encontro nacional.
É importante destacar que o saldo das resoluções aprovadas é bem positivo. Foi aprovado uma pauta conjunta com os servidores federais, e ficou evidenciado a disposição da categoria docente em realizar um greve unificada com as demais categorias. Neste ponto a ação dos docentes do Paraná teve um forte impacto no congresso, ou seja para enfrentar o ajuste fiscal do governo Dilma é preciso uma ampla mobilização através dos métodos de lutas dos trabalhadores.
Além disso, foi aprovado no congresso a participação do Andes na mobilização do dia 13 de março em defesa da Petrobrás e pela retirada das MPS, além disso, pela diferença de apenas dois votos o Andes irá participar com observador do ( Fórum em defesa das reformas populares ), integrado pela CUT, MST e outros movimentos , Assim, apesar da forte resistência, foi indicado uma política de unidade no movimento sindical, superando a tradicional política de gueto do Comlutas, que somente favorece o governo.
Por falar do comlutas, o congresso expressou que a base da categoria tem uma enorme insatisfação com a politica divisionista da “central”. Não foi apresentado uma única proposta de balanço do comlutas. A diretoria do Andes apenas apresentou uma proposta protocolar sobre o “enraizamento” na central ( TR11), por sua vez, a delegação do Rio de Janeiro aprovou por grande maioria uma proposta para discutir a relação com a central, através da convocação de um conad extraordinário antes do II congresso do CSP/Comlutas. Além disso, a proposta apresentada que visava tributar as secções sindicais para aumentar o caixa do aparato do CSP/Comlutas, teve uma extraordinária rejeição no plenário.
Um outro ponto merece destaque, por iniciativa da APUR o congresso do Andes aprovou que a campanha salarial do setor das federais terá como um dos seus eixos além da luta pela carreira e condições trabalho a luta pelo salário.
o balanço político do 34 congresso do andes é que o acirramento das contradições da conjuntura política tem provocado importantes deslocamentos no interior do movimento docente. As resoluções aprovadas ainda que marcadas por vacilações sobretudo na defesa de ações mais contundentes para enfrentar os ataques contra os trabalhadores e a educação, podem representar um passo adiante, desde de que não sejam apenas letra morta.