Reunidos em assembleia nesta quarta-feira (8), os docentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) discutiram a atual conjuntura política do Brasil e os impactos que tal conjuntura tem provocado na UFRB. Os principais destaques foram a situação de demissões de servidores terceirizados, que incide diretamente na precarização de serviços básicos da universidade, e o governo golpista de Michel Temer, que tem suscitado a possibilidade de uma greve geral no país.
Na verdade, a situação pela qual a UFRB vem passando já havia sido alertada na última greve da categoria docente, que foi às ruas contra os cortes de verbas na educação. E este ano a previsão virou realidade com o anúncio de demissão de mais de 100 servidores terceirizados; uma situação complexa não apenas porque coloca em risco o funcionamento efetivo da universidade, mas também porque coloca trabalhadores na rua num momento tão complicado política e economicamente do país.
Sobre a demissão dos servidores terceirizados, o professor Bruno Durães fez duras críticas à reitoria da UFRB, pois esta não teria feito um debate coletivo sobre a questão. “A forma como o corte foi feito não foi democraticamente. Um método problemático que não chamou a comunidade para a discussão. Temos que parar para pensar em como parar esse processo de cortes”, colocou o professor.
Outra crítica à reitoria partiu do professor David Teixeira, quando colocou que a reitoria disse que alguns terceirizados iriam ser demitidos, mas não disse como a UFRB vai funcionar sem eles. “Temos que pensar, enquanto categoria, como a gente faz para garantir o bom funcionamento da universidade”, completou David.
O professor Aroldo Félix foi categórico ao afirmar que as demissões de terceirizados vão precarizar ainda mais a condição de trabalho docente, que já vem sofrendo com cortes de bolsas, falta de transporte, entre outros. Para o professor, “temos que fazer o papel do sindicato e dizer não aos cortes. A universidade tem que se manifestar contra os cortes, fazer discussões e assembleias nos centros. Ser enfáticos contra o ajuste e os cortes”.
Partindo para uma ampliação do debate, o presidente da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), professor Antonio Eduardo Oliveira, lembrou que a questão da universidade é um reflexo da situação política do país, que vive num clima de instabilidade de um governo golpista. “Temos que pensar em como organizar um processo para reverter o golpe, pois o governo golpista quer sacramentar o impeachment. A alternativa é uma greve geral, uma greve política”, afirmou o presidente da APUR.
Contudo, Antonio Eduardo deixou claro que uma greve geral não se faz com apenas uma categoria, por isso que ela não pode partir dos docentes, mas não há como não discutir essa questão que já vem sendo levantada por outros setores. O professor David salientou que a possibilidade de greve geral surge diante de um governo que não tem responsabilidade com nada, e da ameaça da estrutura do estado brasileiro.
As falas dos docentes ainda colocou a necessidade de se discutir o que é e como deve ser feita essa greve. Ao final, a assembleia deliberou pela construção da greve geral, que deve ser feita a partir de discussões com toda a categoria docente e com o diálogo com as demais categorias e movimentos. A assembleia também chegou à conclusão de que o mote das discussões deve ser “Fora Temer”, mas incluindo aí as pautas da categoria docente. Os presentes ainda aprovaram uma plenária tripartite para debater temas tais como a escola sem partido e os impactos da possível extinção do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.