Em assembleia nesta quinta-feira (7), os/as docentes da UFRB aprovaram, por unanimidade, que a APUR contribua com a constituição do Coletivo de Mulheres na UFRB. Só neste semestre, dois casos de violência contra professoras foram levados à justiça, e virou processo na universidade.
Uma das idealizadoras do coletivo e vice-presidente da APUR, a professora Ana Cristina Givigi (Kiki), sempre vem chamando atenção para situações constrangedoras e graves que acabam levando ao adoecimento das mulheres que compõem a universidade. A professora também frisa a pouca assistência que a instituição dá às vítimas de violência, sendo a última a tomar alguma providência.
Vale salientar que o número de procura é maior que o de processos, pois nem todas as professoras, alunas e servidoras técnicas que sofrem violência fazem a denúncia formalmente por medo de represálias.
A diretora executiva da APUR, professora Fátima Silva, que também encabeça o Coletivo de Mulheres, lembrou que há tempos a diretoria vem discutindo a importância de se colocar para o debate as questões referentes às mulheres: “Não podemos ser lembradas só no 8 de março. Nós existimos nesse sindicato. Nós existimos nessa universidade”, defendeu Fátima.
Como ponto de apoio de todos/as docentes, a APUR decidiu intervir e se reuniu com a reitoria da UFRB para discutir a questão. Na reunião, a reitoria apresentou uma minuta sobre assédio moral, assédio sexual e preconceito. A assembleia aprovou o encaminhamento de tornar a minuta pública, e que as pessoas possam enviar sugestões antes que ela seja colocada para apreciação no CONSUNI.
A APUR também reforçou o convite para composição do Coletivo de Mulheres, que já foi lançado no último boletim. Sendo assim, quem quiser fazer parte dessa importante iniciativa, basta enviar um e-mail para [email protected].
Situação Política e os impactos na UFRB
A assembleia ainda discutiu a situação política do país e seus impactos na UFRB. O presidente da APUR, professor David Teixeira, defendeu que é preciso que a comunidade acadêmica tenha clareza da gravidade da situação, pois no atual contexto de retirada de direitos, a universidade pública vai sofrer ataques perversos. “Na UFRB, o ano que vem a coisa explode, pois as condições de entrada e permanência dos alunos na universidade estão sendo ameaçadas, por exemplo, pela redução dos auxílios permanência. Sem contar nos cortes que o custeio da universidade vem sofrendo a cada ano”, explicou o professor.
Diante de uma previsão nada otimista, os/as docentes presentes na assembleia discutiram o que fazer. Para a professora Maicelma Maia (CFP), o primeiro caminho é não deixar de falar e de agregar, pois muitos não se dão conta do que significa o contexto atual. “A gente tem que defender a universidade. Tentar articular os nossos componentes, construir espaços de formação e grupos de estudos”, sugeriu Maicelma.
A professora Adriana Lopes (CCS) também defendeu a mobilização. Segundo ela, é importante que a categoria docente resgate a experiência vivida em 2012 (quando a APUR foi uma das protagonista da greve nacional docente), e volte a focar no corpo a corpo, apresentando a história da UFRB para os/as docentes novos. A professora ainda destacou a importância da união das três categorias: docentes, discentes e servidores técnicos.
Os presentes ainda lembraram que a situação atual do país é reflexo do golpe. O professor Antonio Eduardo Oliveira (CAHL) foi categórico ao afirmar que existe um plano de destruição do ensino superior público do país. Nessa mesma linha de raciocínio, o professor José Arlen Matos colocou que estamos vivenciando o processo de aprofundamento do golpe, e a universidade não está imune a ele.
Ao final das discussões, a assembleia aprovou os seguintes encaminhamentos: aproveitar as comemorações dos 13 anos da UFRB para lançar uma frente em defesa da universidade e da UFRB; apoiar e fortalecer os comitês existentes e criar comitês em defesa da liberdade de Lula; organizar reuniões tripartites nos centros de ensino; fazer campanha de filiação à APUR e apoiar a construção de uma Greve Geral.
A assembleia ainda aprovou os nomes da professora Fátima Silva (diretoria da APUR) e do professor Antonio Eduardo (ouvinte) como representantes da APUR no 63º CONAD do ANDES-SN, que ocorrerá de 28 de junho a 1 de julho, em Fortaleza.