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REUNIÃO SINDICAL DO CETENS REFLETE SOBRE AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA UM RETORNO A NORMALIDADE

Visando verificar a situação de todos/as docentes nesse momento atual de pandemia, a APUR vem realizando reuniões virtuais sindicais por centro, e hoje (29) foi a vez dos/as professores/as do CETENS discutirem um pouco sobres as suas impressões em tempo de isolamento social.

As falas demonstraram a preocupação da categoria docente em discutir, ainda que não tenha uma previsão de datas, o retorno às aulas; pois os/as professores/as percebem uma pressão muito grande para que tenham uma resposta exata. Nesse sentido, analisam que os discursos sobre o retorno priorizam o calendário, mas não pensam na questão do currículo e das individualidades.

As falas apontaram que o grau de preocupação e crise se acirram nesse momento, pois estão vivendo um contexto social extremante inadequado, inclusive para dar aula. Os/as professores/as estão em isolamento compulsório, mas continuam pensando em como fazer universidade durante a pandemia. Refletindo sobre qual o papel da universidade nesse momento, mas sem cair no erro de pensar que o principal papel é dar aula. Não é verdade que os/as docentes estão trabalhando menos, pois a pesquisa continua, participam de reuniões, as funções administrativas estão sendo realizadas; mas também é verdade que não estão tendo as melhores condições para realizar tais atividades. O momento atual não garante as condições de ensinar e nem de aprender.

A reunião também sinalizou que não dá para tratar como normal uma situação que não é normal, e que, diante disso, se torna urgente um posicionamento da universidade e do sindicato. É importante dizer que os/as professores/as não estão se eximindo das responsabilidades, mas estão sim defendendo o direito à vida.

O presidente da APUR, professor David Teixeira, adiantou a posição do sindicato afirmando que a APUR não vai se posicionar contra as projeções científicas e sociais, “temos que ser responsáveis com a vida. Estamos vivendo um cenário de incertezas, e seria irresponsável de nossa parte bater o martelo sobre o retorno às aulas. Não vamos expor professores/as e estudantes a risco”, pontuou o presidente da APUR.

O professor David ainda reforçou que o isolamento social é essencial, já que o governo não tem colocado em prática as medidas sanitárias adequadas no combate à Covid-19. Para ele, na verdade, o governo tem sido um entrave, porque, mesmo com a pandemia, vem colocando em curso o sucateamento da universidade e da ciência. “A política econômica do governo não mudou com a pandemia. Não tem colocado novos recursos, tem feito apenas remanejamento. Sem novo investimento do estado, não tem como socorrer o SUS. Fica cada vez mais difícil fazer ciência e universidade”, concluiu David.

Na reunião também foi debatida a proposta do governo de congelar os salários dos servidores públicos. Nesse quesito, é importante lembrar que, concretamente, os/as professores estão sem reajuste desde 2015. Então, a diferença aqui é em lei, uma coisa é o governo não dá o reajuste, outra coisa é ele ser amparado por lei, impedindo que as categorias exijam reajuste, já que teria que ocorrer uma mudança em lei. Ou seja, não é uma jogada meramente retórica, é não abrir e não ser pressionado a abrir negociações no próximo período.

Está posto que não há uma disposição do governo em dialogar com as categorias nem sobre a luta contra a Covid-19, muitos menos sobre a manutenção de direitos. Na visão do professor Érico Gonçalves, está faltando uma disputa de narrativa. “A gente vê crescer uma percepção de aceitar com naturalidade o corte de salário no momento da crise, e a gente não consegue avançar na conscientização política de que isso não resolve o problema dos mais pobres. O governo vem se aproveitando do momento para implementar uma política desastrosa, neoliberal, comprovadamente fracassada no que corresponde a diminuição das desigualdades sociais. Os sindicatos e os partidos de esquerdas estão apagados nos discursos narrativos, não debatem abertamente os aspectos da luta de classes que vivenciamos atualmente. Precisamos saber como agir nesse cenário, fortalecer uma disputa política e de narrativas”, defendeu o professor.

Por fim, também foi sugerido aos/às docentes do CETENS que se reúnam quinzenalmente para novas avaliações sobre a conjuntura.

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