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DOCENTES DO CCAAB DENUNCIAM VANDALISMO NAS ÁREAS DE EXPERIMENTOS E PROJETOS*

Não bastassem os problemas com falta de investimentos e ataques constantes à educação pública, os/as docentes do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) vêm sofrendo com constantes invasões e colocações de animais nas áreas destinadas a experimentos/projetos.

Os relatos dos docentes dão conta de que diversas pesquisas que dependem do campo para serem desenvolvidas, sejam aquelas mais próximas dos prédios oficiais (geralmente as vegetais ou peixes), sejam aquelas desenvolvidas em espaços de campo mais distantes (animais de grande porte), foram afetadas pelo vandalismo.

Mais recentemente, o Setor de Produção Vegetal e a Fazenda Experimental, local de pesquisas com Animais de produção zootécnica, tiveram seus espaços invadidos, havendo até mesmo relatos de diminuição do estoque de peixes. O experimento dos girassóis também tem sofrido. Segundo relatos, as pessoas não apenas tiram fotos, mas entram no espaço do experimento para arrancar as flores e as mudas.

Ressalte-se que os danos causados não são apenas financeiros, já que muitos docentes acabam pagando os prejuízos do próprio bolso, mas a destruição, vandalismo e roubo têm impactado severamente nas pesquisas. “Os dados gerados são perdidos, logo os produtos científicos (todas as formas de publicações e monografias) são inviabilizados. Desta forma, ou os docentes/discentes tentam realizar o projeto em outro local, ou desistem da pesquisa. Como impacto principal, pode-se citar a redução tanto na qualidade quanto na quantidade de produção científica do CCAAB, refletindo na atual situação dos cursos de PPGs, os quais hoje passam por fusão para a sobrevivência institucional, como baixa capacidade de captação de recursos em fontes de fomento”, conforme relatos docentes.

A inviabilização dos projetos pelas ações de vandalismo ainda podem impactar diretamente na formação dos alunos; já que esses projetos seriam uma importante forma de demonstrar as atividades que são realizadas no mercado de trabalho, e muitos projetos têm como objetivo trazer soluções para os problemas cotidianos do campo. Mas, infelizmente, os discentes de graduação acabam tendo severas limitações em suas aulas práticas.

Quanto aos alunos da pós-graduação, a destruição dos projetos pode até mesmo impedir que concluam suas formações, uma vez que seus projeto de Tese/Dissertação/TCC são totalmente destruídos, obrigando a prorrogação de prazos para realização de outra forma de pesquisa que não seja a campo, impactando inclusive na qualidade das monografias.

Assim como as invasões não são de hoje, as denúncias à administração da UFRB também não são. Tanto a direção de centro quanto a reitoria já foram comunicados via reuniões, e-mails, documentos, todavia, “a resposta sempre transitou entre o fato de serem moradores do entorno, que sempre usaram a Universidade, que é pública e inclusiva – passando por uma questão até de política”, lembram os professores que participaram de algumas reuniões.

Os relatos informam também que, na gestão anterior, a Assessoria Especial da Reitoria teve um projeto para legalização fundiária na UFRB, inclusive com a concessão de área fora da universidade, no entanto, devido a solicitação do próprio reitor, na época, o projeto teria sido engavetado sem nenhuma explicação. “Dez anos atrás a CODEVASF fez um levantamento e mapeamento, e demonstrou a quantidade de terras invadidas e o número de invasores dentro da UFRB. Em 2015, a UFRB era notícia local, onde até a vigilância foi furtada. Em 2017, a Engenharia de Pesca relatou à Assessoria Especial para Projetos Estratégicos furtos seguidos que vinha sofrendo, definiu-se ronda dos seguranças com maior frequência, mas não resolveu. O Núcleo de Engenharia de Água e Solo (NEAS) passou 2019 por inteiro relatando, através de lista de e-mail, incidentes corriqueiros com depredação, furto, inclusive dano patrimonial a veículo particular, demonstrando, assim, que o problema vem de longa data, e não tem solução definitiva”.

Impactos na pesquisa, na produção científica, no ensino, na aprendizagem, impactos emocionais, já que os docentes são forçados, por não usar o campo e não “ficar parados”, a produzir pesquisas indoor, que muitas vezes são descontextualizadas das situações vividas na comunidade na qual a UFRB está inserida. Além de tudo isso, as ocorrências de vandalismo no CCAAB contribuem para reforçar ainda mais os ataques que a universidade pública sofre desde sempre, pois se somam aos prejuízos que a UFRB já enfrenta em todas as suas esferas, como perdas de recursos econômicos, desqualificação do quadro de servidores (docente e técnico).

Como defensora dos interesses e dos direitos da categoria docente, a APUR vem a público dar visibilidade às vozes dos/as docentes do CCAAB, mas acima de tudo se colocar à disposição para ajudar no enfrentamento desse grave problema, e exige da administração da UFRB medidas imediatas e uma solução efetiva. “Na última reunião da APUR com a reitoria, dia 12 de maio, a questão foi discutida, e a administração central afirmou estar construindo um plano para resolver o problema, envolvendo inclusive outros órgãos públicos, e o reitor se disponibilizou a apresentar esse plano numa reunião sindical, com data a ser confirmada”, informou David Teixeira, presidente da APUR.

*As imagens utilizadas para ilustrar o texto foram tiradas pelos próprios docentes, e circulam nos e-mails.

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