Os/as professores/as do CAHL se reuniram virtualmente nesta quinta-feira (30). Na oportunidade, discutiram sobre a pandemia do coronavírus e suas implicações na política nacional, na educação/universidade, na saúde e na sociedade como um todo.
Pode-se dizer que foi unanime a posição de que o governo Bolsonaro tem sido o maior inimigo no combate à Covid-19, pois além de não fazer os investimentos necessários na área da saúde, continua atacando ferozmente setores que têm papal fundamental na luta contra o coronavírus, como o SUS, a ciência e as universidades públicas.
Há ainda a nítida percepção de que o governo tem usado a pandemia como um campo de disputa política, como uma oportunidade de atacar os/as servidores/as públicos/as. Diante disso, o professor Jorge Cardoso acredita ser necessário que a categoria docente monte uma estratégia de como se comportar frente a essa disputa política. “Já havia desde o início desse governo intenção de colocar a culpa da crise nos servidores públicos, e agora mais ainda, porque o rombo vai ser ainda maior. Vamos precisar ser resistência a uma série de estratégias hegemônicas dentre da área de educação para lidar com o isolamento social”, pontuou o professor.
A ligação da política com a pandemia também foi descrita por meio do aumento da flexibilização do isolamento social, já que os comércios de muitas cidades já voltaram a funcionar. Para o professor Antonio Eduardo Oliveira, tudo é orquestrado em prol dos interesses da burguesia, que quer o lucro acima de qualquer coisa, inclusive de vidas. A quantidade de mortes decorrentes do coronavírus tem a ver não só com problemas de saúde, mas também social e político.
Como não poderia deixar de ser, os/as professores/as do CAHL também manifestaram preocupação com os rumos que serão tomados na UFRB, especialmente com as discussões sobre retorno ou não das aulas presenciais e a questão das aulas virtuais. Antes de qualquer coisa, é importante destacar que o sentimento geral é de não deixar a universidade parar, todavia, não se pode aderir à tendência de se reduzir a universidade pública a dar aulas.
Muitas falas informaram das inúmeras atividades que vêm sendo realizadas mesmo no isolamento social: qualificações, orientações de TCC e mestrado, reuniões com alunos, reuniões administrativas, palestras etc. Inclusive, a professora Dyane Reis, diretora do CAHL, informou que o centro entregou 100 novos profissionais ao mercado, principalmente na área de serviço social. Ou seja, os/as docentes da UFRB também estão envolvidos nas formaturas à distância.
Ainda assim, se faz urgente pensar em alternativas para manter a universidade cada vez mais atuante, por isso o exercício de pensar sobre as aulas virtuais se fez presente na reunião. Ficou evidente que uma das grandes preocupações é com os alunos que não têm acesso aos meios digitais. Então, como seria esse modelo de educação para esses estudantes? Afinal de contas, uma universidade diferenciada e inclusiva como a UFRB precisa estar atenta às necessidades desses alunos que não terão como acessar as aulas virtuais.
O fato é que muitas questões precisam ser pensadas. Há uma pressão muito grande sobre o/a professor/a, sobre a universidade pública, que precisa provar diariamente sua importância, precisa mostrar produtividade mesmo em condições insuficientes. A verdade é que a constante intimidação que as universidades públicas vêm sofrendo para aderirem às aulas virtuais também é mais uma jogada rumo ao sucateamento da educação pública. Nessa perspectiva, a professora Marcela Silva trouxe um pensamento bastante preocupante, quando ela afirmou que as universidades filhas do Reúne serão as primeiras a ser debilitadas.
Mas os/as professores/as do CAHL também mostram uma grande preocupação com a saúde, não apenas da categoria docente, mas de toda comunidade universitária; por isso solicitaram que os procedimentos médicos sejam seguidos. Nesse sentido, o retorno às atividades presenciais precisa ser refletido com muita seriedade, até porque, vale lembrar, a UFRB é multicampi, tem discentes e servidores de diferentes lugares, que precisam transitar até chegar ao local de aula ou trabalho. Fora que o retorno afeta diretamente as comunidades nas quais a universidade está inserida.
Por fim, a reunião apontou a importância da defesa do SUS, uma política social que tem capilaridade em todo o país; e a necessidade de uma articulação dos três seguimentos da UFRB e a comunidade externa na defesa da universidade pública. Os/as professores se mostraram bastante satisfeitos com a reunião, por isso aprovaram a ideia de uma próxima reunião dentro de 15 dias.