Mesmo com o cancelamento da mesa de negociação do dia 19 de junho, os docentes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) se reuniram nessa quarta-feira (27) para mais uma Assembleia permanente de greve. A assembleia no Centro de Formação de Professores (CFP), em Amargosa, foi marcada por dois momentos inesquecíveis: a primeira mesa dirigida só por mulheres e o encerramento com o II São João da Afirmação, organizado pelos estudantes do Programa de Educação Tutorial (PET), onde foram servidos dois pratos tipicamente nordestinos – aipim com carne de sol e sarapatel.
Fazendo uma análise acerca das negociações com o governo, os docentes definiram como um desrespeito o cancelamento da mesa de negociação. Por conta disso, acreditam que as pressões sobre o governo têm que aumentar. Com o intuito de intensificar suas ações, defenderam a união com outras categorias federais, já que, atualmente, são mais de trinta em greve em todo o país. Os movimentos sociais também foram lembrados como importantes aliados na luta em prol da melhoria na educação.
Outro ponto discutido foi a aprovação de uma pauta com as necessidades da UFRB, que será encaminhada ao Comando Nacional de Greve para ser apresentada numa futura mesa de negociação. A pauta está dividida em 4 grandes tópicos: infraestrutura; trabalho docente na UFRB; políticas de valorização, assistência e permanência dos docentes e políticas de capacitação docente e a nova carreira. Com as devidas correções e aprovação da assembleia, as reivindicações postas no papel são o resumo das necessidades de todos os campi da UFRB.
Uma preocupação que norteou a construção da pauta local foi a necessidade de um aumento nos prazos de implantação das universidades recém construídas, haja vista as diversas carências por elas enfrentadas. Os docentes da UFRB precisam conviver com a falta de auditórios, de gabinetes, de moradias, com o desrespeito à sua carga horária de trabalho, enfim, com a falta de condições básicas para desenvolverem suas atividades de maneira proveitosa. Por tudo isso, apontam a necessidade de um tratamento diferenciado para as universidades criadas no programa de expansão das universidades federais.
A precarização do trabalho docente na instituição foi exemplificada com a alta taxa de rotatividade docente, o que pode ser resultado, entre outras questões, da falta de uma política clara de fixação. Os grevistas também reivindicam melhoria do apoio logístico para as ações de multicampia, a UFRB tem campus nas cidades de Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Cachoeira e Amargosa; outro problema não atentado pelo governo quando da expansão das universidades federais.
Por fim, foram tiradas algumas deliberações. Foi aprovada a participação no cortejo do 2 de julho em Salvador, onde os docentes farão uma ação de mobilização; o Seminário de Formação para discutir a carreira docente, na próxima quinta-feira (05) em Cruz das Almas, às 9:00 horas. A assembleia também aprovou duas moções: moção de repúdio à criminalização estudantil, tendo em vista a prisão de alguns estudantes da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) Guarulhos. Nessa moção também se refletirá a criminalização dos movimentos sociais em geral. A outra moção, também de repúdio, diz respeito à contratação, por parte do governo Wagner, da empresa de Jorge Portugal para dar aulas aos estudantes do 3º ano.