Entre os dias 15 a 17 de julho, as seções sindicais do ANDES-SN estiveram reunidas no 65° Conad, ocorrido em Vitória da Conquista (BA). Na oportunidade, os/as delegados eleitos por suas respectivas seções sindicais discutiram e deliberaram questões sobre a conjuntura política nacional, a retomada presencial, o fortalecimento da luta pela educação pública, entre outras.
A APUR, que inicialmente seria representada pelo professor Orahcio Sousa, mas ficou impossibilitado de participar, acabou sendo representada pelo professor José Arlen Beltrão.
Apesar da discussão sobre a conjuntura política ter evidenciado que o país ainda enfrenta uma grave crise capitalista, o professor José Arlen avaliou que não houve avanço na discussão da luta para derrubar o governo Bolsonaro, que é o principal inimigo da educação pública e da universidade pública brasileira: “É imprescindível colocarmos um fim no governo Bolsonaro. Se nos últimos anos não conseguimos construir a mobilização necessária para isso, nesse momento o principal espaço são as eleições. Nesse sentido, a menos de 3 meses da eleição mais importante dos últimos anos, esperava-se que o sindicato dedicasse parte do tempo deste caríssimo evento a definir sua atuação em face da batalha de outubro próximo. Afinal, o que se joga neste momento é se interromperemos ou não a destruição sistemática do país, incluindo a educação e o ensino superior”, pontuou o delegado da APUR.
O professor ainda colocou que a diretoria não pautou as eleições e que nenhuma resolução foi apresentada sobre o assunto. Apenas docentes do Fórum Renova Andes-SN apresentaram uma proposta de dirigir ao único candidato do campo popular que pode chegar ao segundo turno, e mesmo vencer no primeiro, Lula, uma plataforma com as demandas da categoria.
Ainda assim, a discussão sobre a plataforma foi jogada para a undécima hora do Congresso. Ao final, resolveu-se apenas delegar à diretoria a tarefa de redigir uma carta dirigida a todos os candidatos, exceto a Bolsonaro, cujo conteúdo não foi debatido. De modo geral, a Carta de Vitória da Conquista não menciona as eleições, salvo numa genérica passagem que diz: “o desafio de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, que representam o retrocesso político e civilizatório que o país atravessa”.
A expectativa era que o 65 º Conad discutisse as estratégias e as táticas de luta para o próximo período, principalmente no que diz respeito ao avanço na mobilização e na sensibilização dos/as docentes para as pautas da categoria, principalmente no contexto de defasagem salarial, de ataque à universidade pública e aos seus servidores, entretanto, não foi isso que aconteceu, boa parte do evento foi dedicada a discutir ainda pautas que não foram vencidas no último congresso, inclusive as pautas em relação ao retorno presencial.
Sobre essa pauta, ficou exposta a necessidade de atualização do plano sanitário que a categoria havia elaborado para o retorno às atividades presenciais. Ainda sobre medidas sanitárias, os/as presentes definiram algumas diretrizes, e as seções sindicais vão desenvolver ações de luta que defendam a garantia de estrutura física de funcionamento das universidades com segurança para o retorno, bem como a construção democrática de um “Plano Sanitário e Educacional: em defesa da vida e da educação”.
A plenária ainda abordou o enfrentamento ao Reuni digital e outros ataques à educação e ações em defesa das condições de trabalho e da qualidade do ensino público e apontou a necessidade do ANDES-SN continuar lutando pela revogação da Emenda Constitucional 95, pela construção de uma greve do Setor da Educação.
Um fato que precisa ser mencionado também é que o Conad foi realizado exatamente no mesmo período da Conferência Nacional Popular de Educação (Conape), que é a conferência que agrupa todas as entidades sindicais e científicas do setor, com exceção, infelizmente, do ANDES-SN, e isso, por um lado, impactou negativamente no Conad, porque muitos delegados estavam no Conape, e, por outro lado, o ANDES deixou de intervir no principal fórum de luta da educação brasileira, “inclusive debatemos e defendemos que o ANDES passasse a integrar o Conape, e o resultado dessa discussão foi aprovar que o Andes consulte suas bases através das seções sindicais a sua participação no Conape, o que, apesar de um encaminhamento tardio, é um encaminhamento positivo”, ponderou o professor José Arlen.
Por fim, a plenária aprovou que o 66º Conad ocorra na cidade de Campina Grande, na Paraíba, sendo organizado pela Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (Adufcg SSind).