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APUR PARTICIPA DE ATO CONTRA A VIOLÊNCIA ÀS MULHERES

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Na tarde dessa terça-feira (5), a Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR) participou, juntamente com estudantes e professores da UFRB, e representantes do coletivo de mulheres de Cruz das Almas, de uma passeata contra a violência às mulheres. O ato, que saiu da reitoria rumo ao centro da cidade, foi uma resposta às diversas ocorrências de violência contra as discentes da UFRB, em especial o caso mais recente de estupro sofrido por uma estudante, abordada em sua própria residência.

Uma das organizadoras do ato, Nayara Aguiar, membro do Diretório Acadêmico de Engenharia Florestal (DAEF), explicou que, além da repetição dos atos de violência contra as mulheres, um fator que motivou a organização da passeata foi o fato de muitas pessoas duvidarem da palavra da vítima recente de estupro. “A gente quer mostrar que esses atos de violência realmente acontecem, e têm sido repetitivos. Já foram três casos de colegas universitárias em menos de três meses”, completou Nayara.

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Em uma carta que foi entregue às autoridades do município de Cruz das Almas (prefeitura e promotoria), os manifestantes reivindicam a criação de uma Delegacia Especializada para Atendimento a Mulheres (DEAM), de uma ação mais efetiva das autoridades competentes no combate e prevenção dos atos de violência contra as mulheres, e também solicitam uma audiência pública com as autoridades institucionais competentes junto aos representantes do Ato Contra a Violência à Mulher e Falta de Segurança Pública no Município de Cruz das Almas.

Sempre atuante na luta pelos direitos de todos e todas, a APUR se mostrou solidária à situação das mulheres da UFRB e de Cruz das Almas. Para a diretora executiva da APUR, Ana Cristina Givigi, é necessário mais que um sentimento de pesar, é preciso agir. “Nós da APUR sentimos muito os atos de violência que têm acontecido, mas não sentimos com uma sensibilidade sem exercício político, nós entendemos que é hora de protestarmos e pedirmos que o Estado se alie à universidade na construção de políticas institucionais de proteção á mulher e de garantia da vida das nossas discentes, que são mais vulneráveis no caminho da universidade, mas não só dessas discentes, mas das mulheres de Cruz das Almas, onde essa universidade tem a sua reitoria”, colocou Ana Cristina.

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E A UFRB NESSA DISCUSSÃO? 

Segundo Ana Cristina Givigi, é preciso entender a universidade como o lugar que forma cidadãos e cidadãs, mas que, para isso, é mais importante formar uma pessoa capaz de iniciativas políticas autônomas, do que uma excelência e competência para o mercado, pois isso dará mais capacidade de enfrentar desafios profissionais, humanos, sociais, estéticos e políticos. “Na medida em que uma universidade não tem clareza da diversidade de gênero, e não tem clareza das diferenças que são apropriadas como desigualdades no interior de uma sociedade, ela não cumpre seu papel social, ela não cumpre seu papel de ser uma universidade”, sentenciou a professora.

Ana Cristina ainda colocou que os currículos da UFRB não estão preparados para a formação em gênero e sexualidade; que não tomam como primordial essa qualificação para a formação de um agente social, nem mesmo nos cursos das ciências sociais e humanas. “Nós temos também dificuldades da formação do quadro de servidores técnicos e docentes. Não nos enganemos, nós docentes também não estamos prontos para lidar com as diferenças de gênero, não basta bom senso, não basta criticidade, é preciso qualificação profissional, é preciso uma política de formação continuada, é preciso acesso de docentes e técnicos administrativos a mecanismos formativos. A UFRB também não tem um empenho institucional em fazê-lo”, afirmou a diretora executiva da APUR.

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Alanie Ramos, Coordenadora Geral do CCS pela gestão Motirõ, do Coletivo Central Estudantil, afirmou existirem relatos de meninas que são estupradas por colegas de curso; e a universidade não coloca isso em debate. “A gente não tem uma política de discussão das questões de gênero para empoderar as nossas mulheres e nem para educar os homens que estão dentro dessa universidade; porque eles entram e saem daqui com o mesmo pensamento machista, a gente não está fazendo o processo dialético mesmo, de discutir essas questões e colocar eles no mundo como profissionais e pessoas melhores”, pontuou Alanie.

A discente defende a existência de um projeto de emancipação da mulher, e que isso seja promovido pela universidade, pois, ás vezes, as próprias mulheres não têm consciência das variadas violências que sofrem pelo simples fato de serem mulheres. Por isso a necessidade de promover debates e todo o tipo de ação institucional. “Que a gente esteja empoderada lá fora e aqui dentro, porque a gente vai para rua, mas se eu vou para rua e não tenho a consciência de que estou sendo oprimida por ser mulher, eu passo a achar que se eu sou estuprada a culpa é minha, eu passo a achar que se eu ando com roupa curta eu sou uma vadia, e a gente tem que dizer para as meninas aqui dentro da universidade que não, você não é a sua roupa, sua roupa não define seu caráter e você não merece ser estuprada, nenhuma de nós merece”, defendeu a discente.

A passeata foi organizada pelos Diretórios Acadêmicos de diversos cursos da UFRB de Cruz das Almas, e contou com o apoio da APUR, dos discentes dos outros campi da UFRB, da gestão Motirõ e do Coletivo de Mulheres de Cruz das Almas.

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