Os professores da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) estão em greve desde o dia 22 de junho de 2015. O principal motivo de deflagração da greve dos docentes foi o corte de 9,4 bilhões reais feito pelo governo federal nos recursos da Educação – cortes motivados pela conjuntura político-econômica nacional e internacional, visando manter positivo o superávit primário brasileiro. Esse modelo econômico foi usado nos últimos 12 anos de governo com relativa eficiência, uma vez que a conjuntura econômica era favorável.
A partir do momento em que a conjuntura econômica tornou-se mais difícil para o Brasil, a estratégia do governo foi, curiosamente, a de cortar direitos das classes trabalhadoras e interromper investimentos em áreas fundamentais, como educação e saúde. Paradoxalmente, o investimento feito pelo governo em ensino superior nas instituições privadas foi da ordem de 5 bilhões de reais, o que demonstra a aproximação cada vez mais intensa com os conglomerados de educação internacionais que atuam no nosso país. Nesse sentido, demonstrou que no seu entendimento, quem paga o preço pelos problemas econômicos é a própria classe trabalhadora, os menos abastados. Se é necessário fazer ajustes nas contas, porque não taxar grandes fortunas? Ou reduzir o pagamento dos títulos da dívida pública?
Nesse contexto, aliado aos problemas econômicos, no campo político o governo insiste na articulação com grupos cujos princípios são claramente contrários aos anseios dos trabalhadores, o que sistematicamente o afasta de sua base de apoio e o aproxima ainda mais dos interesses do grande capital. Daí o constante clima de “terceiro turno” que vivemos desde a eleição de novembro de 2014, uma vez que os grupos neoliberais se aproveitaram desse vazio representativo do governo para fazer avançar pautas conservadoras com maior agressividade – seja na câmara, no senado ou mesmo nas manifestações de rua.
As diversas manifestações reivindicando algum tipo de intervenção no governo demonstram não apenas sua impopularidade, mas revela também um posicionamento político-ideológico. Posicionamento que, em muitas expressões, fere princípios democráticos e republicanos nos quais nosso país está fundamentado e cuja defesa cabe a todos. Daí o primado em defesa da democracia e da institucionalidade.
Os professores da UFRB são contrários a qualquer ajuste fiscal em que direitos inalienáveis dos trabalhadores, como saúde e educação, sejam preteridos em favor de pagamentos de dívidas do capitalismo especulativo. Essa é a nossa escolha. Esse é o motivo da nossa greve. É assim que defendemos a democracia.