RESOLUÇÃO SOBRE OS COMITÊS DE LUTA POLARIZA O 63 CONAD ANDES
Antonio Eduardo Alves Oliveira
O 63º CONAD do Andes aconteceu nos dias 28 de junho a 01 de julho, na Universidade Estadual do Ceará (UECE), na cidade de Fortaleza (CE), reunindo 70 seções sindicais, 61 delegados e 210 observadores. Como já tinha previsto, a grande questão no 63º CONAD foi justamente a mobilização contra o golpe e a formação dos comitês de luta nas universidades.
O governo golpista tem intensificado os ataques contra as universidades públicas, foram realizados cortes de verbas sucessivos que colocam em risco até mesmo atividades básicas, além disso, existe o retorno da censura com tentativas de impedimento dos cursos sobre o golpe 2016 e o futuro da democracia pela direita.
O aumento da polarização política nacional se manifestou claramente no processo eleitoral para diretoria do ANDES. A votação de mais de 7 mil professores na chapa Renova, formada pelos docentes que construíram comitês contra o golpe, é importante indicador. Além do mais, a campanha da chapa 1 mencionada nos seus materiais de campanha a importância da mobilização contra o governo golpista.
No 63º CONAD, o primeiro após o processo eleitoral, esse crescimento dos comitês contra o golpe se manifestou na plenária do Tema 2, que debateu o plano de lutas “Educação, Direitos e Organização dos/as trabalhadores/as”.
Um dos textos de resolução que provocou maior debate nesta plenária foi o TR 11, que propunha a atualização sobre o posicionamento do Sindicato Nacional frente à caracterização do processo que levou ao impeachment de Dilma Rousseff. (InformAndes,especial conad, n3).
O texto apresentado pelo Renova Andes, que chegou ao plenário com a proposta de caracterizar o impedimento da presidente Dilma Rousseff, em 2016, como um golpe e propunha como proposta prática que o ANDES fomentasse a construção de comitês contra o golpe, pela defesa da universidade e pela liberdade de Lula, foi o ponto mais relevante no 63º CONAD do ANDES.
De uma forma geral, mais uma vez, os setores do ANDES ligados ao grupo majoritário da CSP conseguiram a supressão de um texto que indica que houve golpe de estado no Brasil, mas dessa feita com uma votação apertada: 30 votos pela supressão, 27 pela manutenção com possibilidade de modificação e nenhuma abstenção.
Nesta votação, aconteceu algo extremamente relevante, não somente cresceu os setores combativos no Andes em oposição aos ultraesquerdistas, que apoiaram e continuam apoiando os golpistas, mas aconteceu um deslocamento no interior da direção do ANDES.
Devido à pressão das bases, agrupamentos do PSOL, que constituem o núcleo central da nova diretoria do ANDES, que na chapa 1 falavam em golpe, votaram na TR 11, e apesar de apresentarem um texto substitutivo que, em larga medida, descaracterizavam a resolução, (que não foi a votação, pois houve a rejeição da TR11) é importante destacar que é uma sinalização do crescimento da luta contra o golpe no ANDES.
Por outro lado, é importante ressaltar que uma parcela significativa da diretoria do ANDES continua com uma posição de apoio ao golpe, inclusive, na análise de conjuntura predominou os velhos e surrados discursos anti-petistas para negar o golpe, e a luta pela liberdade de Lula. Estes setores obtusos e golpistas da diretoria do ANDES reeditaram no plenário do 63º CONAD a frente única com o PSTU (reduzido a 3 entidades sindicais), assim, o momento de ódio ao PT e Lula foi mais uma vez o “debate de conjuntura” do ANDES.
Entretanto, é interessante observar com a atenção o que a crise e a divisão da diretoria recém-eleita do ANDES expressaram. Em primeiro lugar, a votação não revela a realidade da base, e mesmo a correlação no interior da diretoria. A disputa pelo aparato do ANDES e da CSP tem levado que setores minoritários da burocracia sindical no condomínio da direção do ANDES queiram preservar posições, e não aceitam a nova correlação de forças, com o crescimento da luta contra o golpe e do Renova Andes.
O argumento fajuto utilizado era de que o Conad não poderia ter uma resolução de conjuntura diferente do congresso do Andes, isso serviu para a burocracia sindical das seções sindicais pudessem votar com os golpistas, como fez a diretoria da Adusp.
Um outro dado que foi decisivo, é que a parte da diretoria do Andes que votou com o Renova Andes não fez um debate efetivo na sua base sobre a importância da aprovação da resolução sobre os comitês de luta, muito pelo contrário, como já indicamos no debate sobre conjuntura a tônica continuava ser os ataques sectários contra Lula, Dilma e o PT.
Na verdade, setores ligados ao PSOL na diretoria, como o triunvirato dirigente, adotaram uma posição centrista, entre as posições golpistas da CSP e anti-golpistas do Renova Andes. A nova diretoria tenta se equilibrar entre acompanhar em alguma medida as posições da base contra o golpe e em cortejar os setores golpistas ultraesquerdista que tem uma força artificial nos aparatos.
Logo após o 63 Conad, o governo golpista apresentou medidas e portarias indicando que não haverá aumento salarial para os servidores federais em 2019, reduzindo ainda mais as verbas para a educação e permitindo inclusive deslocar servidores à revelia.
É preciso continuar a mobilização contra os golpistas, em defesa da democracia e pela defesa da liberdade de Lula. Neste sentido, os setores combativos do movimento docente precisam intensificar a mobilização pelos comitês de luta contra o golpe nas universidades, fazendo um chamado pela unidade contra os golpistas.