José Raimundo Santos
Não existe novidade nos acontecimentos que marcam o fim do governo em curso. Ao longo de quatro anos, viu-se uma serie de desmandos produzidos por uma estrutura governamental sem parâmetros e sem ideologias. Há aqueles que atribuem a eles o rótulo do neoliberalismo, mas se pegarmos esse conceito e seus propósitos veremos que as correlações são mínimas. Uma das principais características do neoliberalismo é a dissolução do estado intervencionista, outra seria que, retomando os clássicos, o mercado se autorregulariza e regularia a economia neste contexto. Um simples olhar nos mostra que isso nunca ocorreu neste desgoverno, o princípio intervencionista observado nos últimos 18 meses, deixa claro que o assistencialismo promovido tinha forte caráter político e aliciador. E que este era o mote para fazer prevalecer o público que se faria crente no totem mítico que queriam erguer como representação simbólica e imagética, algo que seria construído a partir de características erguidas do imaginário cultural e coletivo, uma ficção abduzida da história como forma de sustentar ideias e proposições específicas de grupos políticos cujas extremas proposições tornavam nocivas suas ideologias.
Essa ideologia abortou a ciência e seus paradigmas e se ergueu no discurso do mínimo, ou seja, a cada 200 carácteres diziam uma verdade, explanavam uma certeza, pregavam uma nova crença diante da humanidade e de seus valores. Nesta relação observou-se a constituição de um metaverso, que seria um espaço social imaginário e virtual, onde o avatar – representação ideal daquilo que quero ser (sic!) – do líder e dos liderados eram narcisos se espelhando na violência e nos desmandos, neste mundo transcendente, os liderados se viam no espelho do líder e proclamavam a dissolução de qualquer outro órgão que pudesse desembaçar o espelho ou iluminar o caminho, assim as universidades, o STF, a sociedade civil e os movimentos sociais, foram marginalizados e estão sendo perseguidos, como a inquisição que queimou livros e mulheres por não terem controle sobre aquele conhecimento. E isto ocorreu desde o primeiro dia de governo.
Nós somos o monstro que passou a assombrar os princípios fascistas do desgoverno e para ele teríamos que ser detidos, a educação e a saúde, foram definidos como peso morto do desenvolvimento econômico e avanço do mercado em áreas ainda sob o domínio público, portanto somos a contrahegemonia em curso e confiante por dias melhores.
*Esse é um texto de opinião publicado no “Espaço do Professor/a”, aberto a todos/as filiados/as. Como todos os textos desta seção, não necessariamente reflete a opinião política da diretoria da APUR.
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