POR QUE A GREVE?

Gabriel da Costa Ávila (APUR/CAHL/UFRB)

Os rumores de uma greve geral da educação federal e a deflagração efetiva do movimento paredista pelos Servidores Técnicos-Administrativos em Educação das Universidades Federais e das duas categorias de servidores (técnicos e docentes) dos Institutos Federais reacenderam o debate sobre os motivos e o momento da greve. Muitos foram pegos de surpresa pela pauta, embora a precarização da educação e das condições de trabalho dos seus servidores não seja surpresa para ninguém.

Desde 2015, o orçamento das Universidades Federais tem queda contínua, além de cortes arbitrários em valores já comprometidos. A Universidade é chamada para colaborar com o desenvolvimento nacional, com a valorização da cultura, com a proteção à vida e à saúde, com a formação dos jovens. Ao mesmo tempo, seus recursos são reduzidos, seus servidores são precarizados. A carreira docente amarga perdas inflacionárias superiores a 40% na última década.

Os sindicatos da educação federal estão tentando construir uma solução negociada desde o final do ano passado, apresentando propostas de recomposição orçamentária e reajuste salarial. O que nós, docentes das Universidades Federais, apresentamos ao Governo Federal, era uma proposta que reduzia a perda orçamentária até a casa dos 25%, distribuídos em três anos. Um reajuste muito aquém do achatamento da carreira. Pior, muito aquém dos reajustes conferidos a outras categorias do executivo federal.

Mas ainda viria pior, a contraproposta que nos foi apresentada acrescenta muito pouco à anterior, de forma mal distribuída e com incertezas sobre 2026. Essa contraproposta também ignora completamente qualquer recomposição orçamentária para as Universidades e condiciona a negociação à não realização da greve. Não passam de manobras de desmobilização da categoria docente.

A greve é um instrumento de pressão da classe trabalhadora na defesa dos seus direitos. Esses direitos não são de interesse exclusivo da categoria, são de interesse da sociedade. Nós defendemos a Educação Pública de Excelência, a Autonomia e Democracia Universitária, a Saúde, as Ciências, as Artes e a Cultura. Esses direitos não serão plenamente garantidos sem recursos para as instituições que os mantém ou condições dignas de trabalho para os servidores que nelas atuam.  

Trabalhadores da educação, comunidade acadêmica e sociedade civil em geral precisam mobilizar suas bases e ampliar a compreensão do movimento, que levará certamente à solidariedade com os trabalhadores em luta por direitos.

*Esse é um texto de opinião publicado no “Espaço do Professor/a”, aberto a todos/as filiados/as. Como todos os textos desta seção, não necessariamente reflete a opinião política da diretoria da APUR.

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