PENSAR O CURRÍCULO É PENSAR A UNIVERSIDADE

A Administração Central da UFRB tomou a iniciativa de discutir a reformulação curricular dos diversos cursos da instituição. No CAHL, a primeira reunião ocorreu no dia 15 de maio, com a presença da Profa. Dra. Léa Anastasiou, consultora, que apresentou um método de reformulação dos currículos.

Durante o evento, ocorrido no auditório da Fundação Hansen, vários docentes da UFRB apresentaram o questionamento de que, antes de discutir a reformulação da matriz curricular, seria necessário discutir qual a Universidade que queremos construir. Formularam ainda a necessidade de debater sobre o real desafio de construir uma Universidade no Recôncavo Baiano, objetivando referenciá-la socialmente e afirmá-la qualitativamente. O entendimento exposto no debate foi que o currículo é a expressão dos objetivos e desafios da instituição que o aplica.

Em decorrência da discussão, ficou definido, em consenso com a PROGRAD e a administração do CAHL, que o debate sobre qual o desafio da UFRB ou qual Universidade precisamos e queremos, seria realizado entre nós, antes da próxima oficina de currículo que está programada pela administração central. No CAHL, a discussão foi marcada, em reunião do Conselho de Centro, para o dia 05/06.

Esta é uma discussão de extrema importância, como se pode perceber a uma primeira olhada. A proposta da administração central da UFRB é importante e densa. Propõe que discutamos a continuidade de nossa atuação profissional, ao propor redefinir os currículos da graduação, assim como estimula a discussão sobre qual Universidade estamos construindo e qual a que deve ser construída. Neste debate, está incluído desde os conteúdos a serem trabalhados, a forma de trabalha-los, além da relação do ensino universitário com o contexto onde ele acontece e sua relação com o mercado.

Este processo que está em curso, na UFRB, é um movimento mais geral do qual fez parte o REUNI. Neste momento, para a instituição que integramos, os desafios são diferenciados em relação ao REUNI. Independente de opiniões que tenhamos sobre ele, aquele era o momento de nossa instalação, construção e afirmação, desafios enfrentados e, ainda que com observações críticas que se tenha a fazer, cumpridos.

Cabe-nos, agora, definirmos os caminhos de continuidade de nossa afirmação, superando limitações identificadas e desafios ainda não superados. Mas, também e principalmente, estamos chamados a definir o perfil e o conteúdo com o qual a UFRB será conhecida e consolidada. Perfil e conteúdo democráticos são, por exemplo, referências básicas que devemos nos ater, para o início do debate, onde o futuro e o como caminharmos – o currículo -, em sua direção, devem ser abordados. Por isso, destacamos com importantes as experiências de outras instituições de ensino superior, onde esta mesma discussão ocorreu com uma ampla participação. Aqui, estamos desafiados a participar.

Desta forma relacionamos dois momentos colhidos do livro “Currículo e Avaliação na Educação Superior” (Veiga e Naves, 2005). O primeiro, das organizadoras do livro citado, registrando o processo de mudança curricular ocorrido na Universidade Federal de Uberlândia. Para Ilma Veiga e Marisa Naves “Pensar o projeto pedagógico de curso é também pensar e discutir sobre o projeto de universidade. E, neste pensar, neste construir procura-se melhorar a formação profissional das gerações futura” (Veiga e Naves, 2005, p.217).

Um segundo momento que destacamos para reflexão é a citação transcrita do mesmo livro, agora com base no artigo do Prof. Dr. Antônio Flávio Barbosa Moreira, da Universidade Católica de Petrópolis. Neste segundo momento, destaca-se a importância da discussão ampliada e o diálogo aberto com especialistas que acrescentem a dimensão geral inerente ao tema e ao campo curricular, em diálogo com conhecimentos específicos, de cada uma das nossas áreas, como mostra a citação a seguir:
“Segundo Maria Isabel da Cunha (2003), não é possível reformular currículos no ensino superior apenas retirando, diminuindo ou  aumentando cargas horárias de disciplinas. Para a autora, a questão pedagógico-curricular é mais profunda e antecede o mero rearranjo do conhecimento disciplinar. (…) Em primeiro lugar, insiste na articulação entre os aspectos epistemológicos e pedagógicos e os aspectos políticos. Em segundo lugar, ressalta os elos entre os aspectos epistemológicos e pedagógicos e as reações de poder que circulam na sociedade. Em terceiro, argumenta que o conceito de campo científico, tal como formulado por Pierre Bourdieu, favorece o entendimento das disputas e dos interesses que caracterizam o processo de produção do conhecimento na universidade.” (Moreira, 2005, p.1)

É com a certeza da amplitude própria do debate em questão que, na condição de membro do conselho diretor do CAHL e atendendo a demanda construída na última reunião desse conselho, convidamos todos os colegas do CAHL para a tomar parte nessa discussão, que ocorrerá no dia 05/06, as 09:00, no auditório do Leite Alves, na qual poderemos amadurecer aspectos centrais concernentes ao perfil político-pedagógico do Centro e da Universidade.

Cordialmente,
Jorge Cardoso Filho
Representação dos Docentes no Conselho do CAHL

Referência:
VEIGA, Ilma Passos Alencastro e NAVES, Marisa Lomônaco de Paula (organizadoras). Currículo e Avaliação na Educação Superior. Araraquara, SP, Junqueira&Marin, 2005. 203p.

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