No dia 31 de março deste ano, a UFRB, por meio da Superintendência de Implantação e Planejamento do Espaço Físico – SIPEF, lançou uma nota de esclarecimento à Comunidade Amargosense tonando públicas supostas ações para recuperar a infraestrutura física do prédio onde deveria funcionar o Centro de Artes de Amargosa: Diversidade, Universidade, Cultura e Ancestralidade – a CASA DO DUCA. No entanto, a diretoria da APUR visitou o local no último dia 28 e constatou que não está acontecendo nenhuma obra e a Casa que deveria proporcionar tantos benefícios à comunidade está fechada a cadeado.
O coordenador da CASA DO DUCA, professor Ricardo Andrade, explica que, depois de ser cedido à UFRB, o imóvel, que no século XIX e início do XX funcionava como a delegacia da cidade de Amargosa, foi ocupado pelo grupo de professores e alunos do Centro de Formação de Professores (CFP) e demais artistas da comunidade que fundaram o Programa Permanente de Extensão a CASA do DUCA. “Antes de completar um ano de atividades nesta sede, em 2009, os técnicos em construção civil da UFRB condenaram a estrutura do telhado do imóvel e o espaço foi fechado, entretanto, as atividades prosseguiram em outros espaços enquanto aguardávamos a reforma do Prédio”, completou Ricardo.
Mesmo a UFRB tendo alugado outro espaço, em 2011, para funcionar o projeto, a comunidade interessada na continuidade das atividades prosseguiu se mobilizando para que a antiga delegacia fosse reformada. “Uma luta que mobilizou, além dos artistas da região, professores e alunos envolvidos diretamente com a CASA do DUCA, o movimento estudantil e a APUR que sempre exigiram da administração providências para recuperação desse espaço”, afirmou Ricardo.
Como já foi citado, em março deste ano a UFRB, por meio da SIPEF, manifestou-se sobre a esperada reforma do prédio. Porém, segundo Ricardo, ao decidir pela execução da obra, os interessados não foram comunicados, o que fez com que muitos acreditassem que a reforma não se destinaria ao funcionamento da CASA do DUCA. A falta de diálogo com os interessados suscitou uma resposta política por parte da comunidade que decidiu ocupar o espaço, paralisando as obras que já tinham sido iniciadas sem o devido cuidado com a memória do local.
Quando enfim foi esclarecido que a reforma se destinava a implementação da CASA, surgiu mais um impedimento. A prefeitura de Amargosa – que na gestão anterior doou o imóvel – manifestou-se afirmando não haver o entendimento, por parte da prefeitura, da doação definitiva do imóvel. Ricardo, que esteve presente na reunião em que aconteceu tal pronunciamento, colocou que a prefeita e o vice-reitor da UFRB acordaram que, em uma semana, avaliariam, juntamente com a assessoria dos seus respectivos setores jurídicos, as eventuais dúvidas referentes à posse do imóvel. Então, a universidade se comprometeu a manter paralisadas as obras até que esse entendimento fosse realizado. “Há mais ou menos dois meses a Comissão vem cobrando da UFRB, que por sua vez cobra da Prefeitura, uma resposta ou pelo menos uma audiência entre os seus representantes jurídicos, mas sem sucesso”, lamentou Ricardo.
Infelizmente, enquanto as partes envolvidas na negociação não entram em consenso, quem sofre é a comunidade que fica sem um espaço público propício à produção e compartilhamento de atividades artísticas e culturais na cidade, ao tempo em que o espaço que poderia ser a solução para o problema continua fechado a cadeado e sem a devida atenção e respeito pela história que nele carrega.
Aline Sampaio