Nos últimos anos, a cada dia 15 de outubro, nossa categoria parece se encontrar numa situação mais difícil que a do ano anterior, pois os problemas novos se acumulam aos antigos. Assim, entre outros, nosso salário vem sofrendo achatamento que nos remete à década de 90, nosso trabalho vai se precarizando, as universidades e a educação como um todo vêm sendo vítimas de confisco orçamentário pesado, o Brasil vem sendo achacado pela extrema-direita em todas as frentes e o mundo em geral tampouco traz notícias animadoras.
Pensando por aí, não haveria motivos para comemoração hoje. Contudo, nosso próprio ofício nos convida ao exercício contínuo de ajudar a enxergar e a construir coletivamente outros mundos possíveis, então, façamos isto. Sim, a pandemia trouxe imensos desafios e perdas, muitas incalculáveis, e nos obrigou a adquirir e a operar tecnologias caras e complexas para mitigar as lacunas criadas pelo trabalho remoto, que, por sua vez, foi colonizando todos os minutos de nossa vida, chegando pelos mais diversos aplicativos, nos horários mais absurdos. Mas enfrentamos esse período inédito na história da universidade com coragem e integridade e não faltam histórias sobre novas formas de ensinar, de incentivar estudantes dentro e fora do âmbito universitário e, com isso, contribuir para que a comunidade universitária atravessasse o período de atividades remotas, para chegar de volta às atividades presenciais e reconstruir a universidade dos escombros de uma pandemia piorada pela política de morte de um governo de extrema-direita. Da mesma forma, se a educação vem sendo foco preferencial dos achacadores fascistas, também foi a ela que promoveu uma das maiores manifestações contra esse governo, mostrando que somos parte importante da luta que impede a proverbial boiada de passar do jeito que quer.
Assim, neste dia do/as professore/as, mesmo com “todo emblema, todo problema, todo o sistema”, vamos lembrar e celebrar nosso papel no esforço coletivo de lutar pelo país e para manter a universidade como barreira de contenção da barbárie: pública, gratuita, de qualidade, socialmente referenciada, para que nossas salas de aula, pesquisas e extensões com a comunidade possam se pautar pela construção do bem comum, a reflexão crítica, a integração com saberes diversos e capazes de produzir os outros mundos mais justos e igualitários. Parabéns a/os professore/as da UFRB!