Por Heleni de Ávila (APUR/CAHL/UFRB)
Foi com surpresa que recebi a notícia da assembleia “convocada” pela Diretoria da APUB, para a “rerratificação da fundação da APUB para representar a categoria profissional dos docentes das Instituições Federais de Ensino Superior localizadas no Estado da Bahia1” como sindicato estadual para obtenção de registro e carta sindical junto ao MTE.
No Instagram da APUB, informa que desde 2009 a categoria docente escolheu que seriam um sindicato independente para representar a categoria do ESTADO DA BAHIA.
Em 2009 o cenário baiano das Instituições Federais de Ensino Superior é o mesmo que temos hoje?
Vejamos:
UNIVASF – criada pela Lei 10.473 de 27 de junho de 2002;
UFRB – criada pela Lei 11.151 de 29 de julho de 2005;
UNILAB – criada pela Lei 12.289 de 20 de julho de 2010;
UFOB – criada pela Lei 12.825 de 05 de junho de 2013;
UFSB – criada pela Lei 12.818 de 05 de junho de 2013.
Destas, a UNILAB e a UNIVASF são de caráter interestadual, as demais funcionam exclusivamente na Bahia.
A UFRB é a mais antiga das novas Universidades Federais implantadas na Bahia e, em 13 de outubro de 2008 as professoras e professores criaram a APUR (Associação dos Professores Universitários do Recôncavo). A APUR torna-se então, uma seção sindical do ANDES Sindicato Nacional e nasce com a compreensão da importância da articulação interna dos seus docentes, de forma autônoma e independente da UFBA.
Como todo Colonizador, a Diretoria da APUB e seus apoiadores, seguem ignorando o surgimento de novas Universidades Federais e com elas a possibilidade de criação de organizações autônomas ligadas a cada uma destas Instituições, com sua realidade e peculiaridades.
Além de ignorar a organização de outras Universidades Federais, o golpe vai mais longe, querendo abocanhar a parcela de professoras e professores dos Institutos Federais da Bahia, base do SINASEFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica Profissional).
É surpreendente como professoras e professores supostamente de esquerda seguem com o caminho do colonizador, instalado na capital e olhando para o interior como meros “puxadinhos” da sua estrutura sindical, ignorando toda a história de organização e de lutas empreendidas pelos colegas do interior.
A dita preocupação com as “coirmãs”, é mais uma prepotência soteropolitana, pois se de fato tivesse este propósito de dialogar, não teriam chamado uma assembleia para Salvador e sim para o interior do estado da Bahia.
1 Texto retirado do documento distribuído pela APUB na assembleia do dia 22 de maio de 2022.
Por outro lado, houve uma tentativa de diálogo entre as entidades que representam os docentes das outras instituições (APUR, ADUFOB, SINDUFSB, Seção sindical Bahia da UNIVASF e SINASEFE) e a APUB para que suspendessem a assembleia do dia 22/05 e, o olhar colonizador não concordou com a proposta da MAIORIA das entidades.
Cabe indagar, porque só agora, em 2025 a APUB tem este interesse de rerratificar a carta sindical? Será por conta do resultado não favorável para eles nas eleições do ANDES?
É passando por cima das outras entidades de caráter sindical, desrespeitando o desejo dos colegas do interior e de uma parcela importante de colegas da UFBA que não concordam com a proposta, que se rerratifica uma carta sindical?
NÃO!
Mas o colonizador, segue com a sua sanha de poder e mantem a assembleia no dia 22/05. Professores e professoras mudaram suas rotinas para participar da tal assembleia e após chegarmos na “cidade da Bahia”, fomos insultados e xingados (eu mesma recebi agressões verbais de uma professora da UFBA).
Enfrentamos filas com seguranças privados (pasmem) controlando o nosso acesso ao auditório da faculdade de Direito. Quando a coisa, finalmente parecia que ia iniciar, apesar das manobras da mesa diretora da assembleia de tentar impor as regras de funcionamento, sem respeitar os presentes, a presidenta da APUB, anuncia a suspensão da atividade!
Como???? Por quê???
Aprendi que a assembleia é soberana e que a mesa deve acatar a vontade da maioria. Seguimos na tentativa de fazer acontecer a assembleia, para a qual fomos ”convocados”.
A diretoria da APUB, ao perceber que estávamos seguindo com a atividade iniciou o processo de agressões físicas e verbais, particularmente contra os colegas que estavam tentando conduzir os trabalhos.
Ah, mas o colonizador é perverso e não desiste. Após as agressões físicas e verbais (incluindo agressões verbais a uma criança de 09 anos, filha de uma professora e um professor da UFBA), apagaram as luzes e se retiraram em uma atitude covarde e desrespeitosa com mais de 200 colegas que estavam presentes.
O colonizador segue, agora construindo falsas narrativas e invertendo os papéis. Mas, não temos que nos admirar. É assim que são os colonizadores.
E nós? Seguimos na luta, mais fortes e mais unidos. Hoje, os professores universitários da Bahia podem dizer, com muito orgulho, que escreveram uma página importante da história sindical docente.
Sou APUR, sou ANDES!
Com tiranos não combinam militantes corações!
*EsTe é um texto de opinião publicado no “Espaço do Professor/a”, aberto a todos/as filiados/as. Como todos os textos desta seção, não necessariamente reflete a opinião política da diretoria da APUR.