O Brasil registrou uma queda de 7,4% na produção de artigos científicos em 2022 na comparação com o ano anterior. Os dados são do relatório da Elsevier-Boi 2022, divulgado pela Agência Bori. Esta queda é histórica e é a primeira desde 1996, quando os números começaram a ser tabulados. Além do Brasil, outros 22 países também registraram decréscimo.
No ranking, 51 países foram analisados. Com os dados negativos, 2022 foi o ano com o maior quantidade de países que perderam produção científica. O recorde anterior tinha sido em 2002, com 20 nações amargando números negativos.
Ciência brasileira
Embora o decréscimo tenha se apresentado como um fenômeno mundial, o Brasil figura na pior posição do ranking, igualando a perda científica da Ucrânia, que enfrenta, desde fevereiro de 2022, uma guerra contra a Rússia.
De acordo com o secretário da Associação dos Professores Universitários do Recôncavo (APUR), Jorge Cardoso, a queda reflete a má gestão do governo Bolsonaro durante a pandemia e a precarização da educação.
“Eu acredito que isso é reflexo da crise sanitária e da pandemia de Covid-19 que o Brasil vem enfrentando. Muitas pesquisas acadêmicas tiveram que ficar paradas e muitos docentes e estudantes perderam a vida em função da pandemia e da política genocida que o governo do ex-presidente Bolsonaro implantou durante essa crise terrível.
Muitos colegas adoecidos pelo excesso de exposição às telas. Tudo isso foi processo da precarização da educação e que ainda tem impactos na carreira, na saúde docente e na capacidade de produzir reflexão científica”, explica.
Jorge Cardoso, que é docente do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e bolsista de Produtividade em Pesquisa, também acredita que o atual governo federal promove uma reaproximação com a ciência.
“Eu acho que, com a retomada de um incentivo nas ações de educação, pesquisa científica, de internacionalização, a categoria docente tende a se reorganizar, a se reestruturar e conseguir de novo contribuir com os altos padrões de trabalhos publicados e das pesquisas produzidas. Para isso é necessário que a gente se organize enquanto categoria e cobre os investimentos que foram tão significativamente reduzidos ao longo do último governo”, conclui.